Neste
dia 11/08, venho externar a minha honra em ser advogada. Lutei a vida toda para
cursar direito em uma época em que a sociedade entendia que era uma profissão
somente para homens.
Venci
esse obstáculo com muita luta e alegria. Contudo, a vida me pregou uma peça e
eu fiquei cega de ambos os olhos faz quase 12 anos. Até aí, "tudo
bem". Ocorre que em 18/12/2013 o CNJ, através da Resolução 185, ordenou
que o diálogo com o Poder Judiciário só poderia ser feito por meio do sistema
PJe - Processo Judicial eletrônico.
Por
uma inenarrável desumanidade o PJe foi construído sem as normas de
acessibilidade previstas no Consórcio W3C. Isso quer dizer que, por não existir
conteúdo codificado, os leitores de tela das advogadas e advogados cegos nada
lêem. Assim, o Conselho Nacional de Justiça baniu esse grupo de profissionais
da advocacia, já que não têm mais independência e autonomia para o exercício da
profissão.
Para
que eu possa enviar as minhas petições através do PJe eu preciso pedir auxílio
técnico presencial e estou sujeita aos horários de atendimento dos lugares que
disponibilizam esse serviço.
A
discriminação no trato com advogadas e advogados cegos pode ser avaliada na
comodidade com que os profissionais SEM deficiência podem exercer o seu
trabalho. Por exemplo, uma advogada sem deficiência pode enviar as suas
petições no conforto de seu escritório ou lar até às 23:59h, enquanto que eu
sou obrigada a ir caindo pelos buracos nas calçadas (no RJ não há mobilidade
urbana) para estar em locais que prestam assistência caritativa até às 17:30h.
Feliz
dia da advocacia para todas, todos e todes.
A
OAB que eu preciso promove a