RECIFE
Descrição da foto para DV's: Prédio da faculdade de Direito da Universidade Federal de Pernambuco - em Recife (UFPE). Construção de 1912, em tom creme envelhecido, com uma escadaria com doze degraus (absolutamente inacessível para os deficientes físicos, bem como para os que possuem alguma limitação temporária) que dá para um bonito jardim na frente.
O verbete RECIFE também
quer dizer: sólido, firme; caminho pavimentado. No entanto, no que tange as
acessibilidades os caminhos da cidade de Recife não são pavimentados, nem
firmes para o cidadão recifense ter assegurado o seu direito de ir e vir. Esse
desalento não é exclusividade da capital de Pernambuco.
Vitor Simon e Fernando
Martins, há 60 anos, registraram a falta de responsabilidade/gestão dos
administradores na marchinha Vaga-lume e, no Carnaval de 1954, todo Brasil
terminou cantando: "Rio de Janeiro, cidade que nos seduz. De dia falta
água e de noite falta luz...",
Inacreditavelmente,
depois de 60 anos, os cariocas conseguiram acabar/esculhambar a RJ elegendo
governantes piores e piores... Em 2014, por incompetência das concessionárias e
adjacentes, faltaram para os cariocas luz, água, segurança pública, saúde,
transporte, educação de qualidade, ACESSIBILIDADES de todo genero...
Bem, mas o foco da hora
é Recife, pelo que quero dividir com os amigos a deliciosa experiência que experimentei
junto aos recifenses nos dias 5 e 6 de maio de 2014, quando fiz uma palestra na
Universidade Federal de Pernambuco. Com muita honra integrei o V Minicurso -
Tutela dos Interesses Difusos, realizado pelo Grupo de Pesquisa Tutela dos
Interesses Difusos, da Faculdade de Direito do Recife a convite do coordenador
- Dr. Leonio Alves.
Poxa vida, quantas
lembranças recentes desfilaram em meu cérebro. Jamais poderei esquecer da
INJUSTIÇA que o Ministro Joaquim Barbosa tentou perpetrar ao indeferir o meu
pedido administrativo feito ao CNJ (Conselho Nacional de Justiça), que
objetivava garantir o meu direito, como pessoa cega, a continuar peticionando
em papel até que os sites integrantes do Peticionamento Eletrônico (PJe)
estivessem acessíveis, conforme as normas internacionais de acessibilidade para
web (Consórcio W3C). No contraponto, jamais esquecerei que foi o povo recifense
que mais me deu apoio incondicional, solidário, sem temor de represálias...
juntos tivemos coragem porque vencemos o medo... somos militantes... fomos na
velocidade da luz na busca desmedida do DIREITO E JUSTIÇA. Afinal, que tipo de
advogados seríamos nós se não nos mobilizássemos na restauração do Artigo 133,
da Constituição da República, que impõe ser o advogado essencial à manutenção da democracia e muito
mais nas linhas e entrelinhas. Em casa de ferreiro o espeto NÃO há que ser de
pau!
O Prof. Leonio Alves
abriu os trabalhos do dia 6, discorrendo sobre: acessibilidade e sua evolução
nos contextos internacional e nacional; seguindo, o gigante juiz federal Dr.
Roberto Wanderley Nogueira analisou: acessibilidade e cargos públicos no
Brasil; e meu sangue ferveu de alegria quando a minha vez foi anunciada para
palestrar sobre: acessibilidade atitudinal.
Aaaaaaaaaaaaaah, sempre ela!
A chave/porta para a felicidade desse nosso Brasil, tão deficiente de tudo...
do possível e do inimaginável. Auditório lotado de corações férteis para a
semeadura da solidariedade. Difícil falar de matéria inexistente em qualquer
curso, já que, por cegueira dos administradores de todas as esferas, ainda não
fora implantado o estudo da SOLIDARIEDADE... do sentimento que nos faz humanos.
Meus antecessores enfatizaram o Direito e a moral, na perspectiva do conjunto
de regras impostas pela cultura do momento. Entretanto, voltei os holofotes
para a JUSTIÇA E A ÉTICA, sob o panorama dos valores e princípios que moram
dentro da alma. Não tenho dúvidas de que a ética e a cidadania são dois dos
conceitos que constituem a base de uma sociedade próspera.
Claro que ética e moral
são temas relacionados, mas são diferentes, porque moral se fundamenta na
obediência a normas, costumes ou mandamentos culturais, hierárquicos ou
religiosos; e a ética, busca fundamentar o modo de viver pelo pensamento
humano.
Eis a questão/desafio! O
Brasil precisa se especializar na arte de pensar. O mestre Rubem Alves, em sua
obra: A alegria de ensinar, escreve: "Por isso, sendo um país tão rico,
somos um povo tão pobre. Somos pobres em idéias. Não sabemos pensar. Nisto nos parecemos
com os dinossauros, que tinham excesso de massa muscular e cérebros de
galinha." Lamentavelmente, como bate e rebate o querido Prof. Padilla,
estamos submersos na cultura da superficialidade. Eu prefiro dizer que nos
enterramos na cultura das obsolescências programada e intuitiva, na qual o ter
se sobrepôs ao ser e valemos pelo que ostentamos... somos escravos dos verbos:
trabalhar, ver e comprar...
Faz 200 anos que o
capitalismo selvagem nos assola. Queremos mais dinheiro, mas para quê? Gestores
e coletividade são influenciados pelo poder de persuasão da ganância
empresarial, cujo lema é comprar, comprar e comprar... a minha dignidade não
está à venda... nem a sua! Quando despertaremos? Quando receberemos um beijo de
amor para esquecermos de ser sapos e retornarmos à condição humana? Minha
esperança não pereceu, pelo que sei que exercitaremos os nossos neurônios em
busca do despertar da solidariedade. Está escrito/imposto na Carta Cidadã que
tem o Estado o dever de propiciar aos humanos - brasileiros ou não - o
bem-estar rumo à felicidade plena... só no papel/virtual.
Sinto que atingi o meu
objetivo ante a reação dos amigos recifenses. Sabem quanto custou o ingresso
para participar do evento? Tão-só dois quilos de alimentos não perecíveis!
Saímos todos com as almas alimentadas... solidariedade, amor, fraternidade...
A mestra Larissa
Leal fechou o minicurso discorrendo sobre: acessibilidade e tutela
consumerista. Ao término muitos abraços... matéria com matéria... energia
sobrando e arrepiando... e o horário do voo chegando... a correria instalada...
adrenalina e pé na estrada. No aeroporto check in demorado, pipi do Jimmy,
fome... tapioca, cuscuz amarelo, bolo de rolo... barriga vazia e coração
arrebentando de saciedade/satisfação... declínio da balança... maravilha!
No avião meus pés não
tiveram alívio com o peso de Jimmy Prates sobre eles; e a amiga ATITUDINAL
continuou rolando com a tripulação, clientes e com Deus nas alturas. Refletia
com o gentil Júlio que estava na cadeira ao lado sobre o pensamento de Cecília
Meireles com o qual fechei a minha fala: "Dai-me Senhor, a perseverança
das ondas do mar, que fazem de cada recuo, um ponto de partida para um novo
avançar."
Voando nas asas do
pensamento e do avião energizava para que os avanços fossem bem maiores do que
os recuos; sonhando com a cabeça nas nuvens... humanos e universo e
vice-versa... partículas, massa... obrigada Recife! A humanidade há que se
lembrar que deriva do humano.
DEBORAH PRATES.
Meu Deus, que delícia "navegar" nesse mar de palavras, suaves detalhes que nos leva na sua bagagem, Deborah Prates, nossa amiga maior. Obrigado por sua ATITUDE, de ir, de falar, de escrever, de encantar. Obrigado por me ter no seu "hall" de amigos. Fique com Deus. bjs Fábio Guimarães.
ResponderExcluirGostaria de falar mais um pouquinho mas, o Fábio De Seixas Guimarães, registrou exatamente como é bom "navegar" nos seus textos Deborah Prates e muito bom que muitas pessoas influentes estivessem lá para ouvi´-la falar sobre a acessibilidade atitudinal e coloquem em prática estas necessidades prementes, não só de RECIFE como também aqui no Rio. A Copa está chegando e nossas esperanças estão indo por água a baixo, pois acessibilidade que é bom.. nada! Nem chegar aos estádios, nós cadeirantes, conseguiremos com a devida facilidade. Parece que haverá descrição para cegos com gente qualificada eu acho interessante. De qq forma, esperávamos mais acessibilidade atitudinal dos nossos governantes, esperávamos um legado digno para nós deficientes,mas parece que ainda não será desta vez. Acho que haverá necessidade de termos mais e mais palestras conscientizadoras de pessoas ativistas com o sangue e entusiasmo da nossa Deborah e acho que pra "peitar", só mesmo esta mulher incrível. Desejo mesmo que RECIFE tenha intronizado todo conhecimento e força do conhecimento da amiga e que se ACESSIBILIZE assim como nós. É premente que aconteça o mais rápido possível...É uma geração imbuída de vontade de que tudo dê certo a despeito de toda a onda contra ao desenvolvimento das pessoas deficientes. É mais que certo de que NÃO QUEREMOS MAIS SER FANTOCHES, QUEREMOS A CIDADANIA A QUE TEMOS DIREITO E VAMOS A CADA DIA LUTAR MAIS E DENUNCIAR ERROS E OMISSÕES DE QUEM SE DIZ GESTOR...Também tenho a honra de fazer parte do seu seleto WALL OF A FAME, Deborah!
ResponderExcluirParabéns amiga pela PERSISTÊNCIA e COERÊNCIA com que escreve seus textos. Embora longe meu coração está sempre perto e torcendo sempre muito por você e daqui desejando - "Dai-NOS Senhor, a perseverança das ondas do mar, que fazem de cada recuo, um ponto de partida para um novo avançar." Grande abraço. sua sempre amiga Kátia Franco
ResponderExcluirQueridíssima amiga Kátia, tenho a certeza de que nossos corações estarão sempre entrelaçados. Mais uma vez, registro que sou sua fã incondicional. Seu trabalho é muito lindo. Somos como formiguinhas; trabalho contínuo, árduo, vagaroso... porém produtivo. Carinhosamente Deborah Prates
ExcluirSaudades de vc, caríssima amiga Déborah Prates! Seus raios de luz iluminam e cintilam sobre o nosso porvir. Forte abraço, Roberto Wanderley Nogueira
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