ROCK IN RIO 2013
NÃO É PARA TODOS!
Descrição da foto para
DV’s: Deborah Prates no rock in Rio (13/09/2013), de blusa preta listrada em prata,
calça preta e óculos escuros, segurando Berenice (bengala coberta de leds
brancos acesos).
150 mil m² de área
glamurosa, maravilhosa, mágica, mas que pessoas com necessidades especiais -
dentre elas os deficientes - não podem usufruir inteiramente. Lamentável! E o
slogan é "POR UM MUNDO MELHOR..."
De antemão, vale
enfatizar que as acessibilidades constituem genuínos DIREITOS HUMANOS. Sem elas
estão maculadas a dignidade, honra e a cidadania das pessoas. Deixam de ser
assegurados os direitos de ir e vir, igualdade, segurança, lazer... Dessa
sorte, justificadas foram as visitas da CDH - Comissão de Direitos Humanos da
OAB/RJ, à Cidade do Rock.
Da visita realizada no
dia 28/8, nenhuma mudança registrou-se em 9/9, a favor das acessibilidades
quanto aos erros apontados.
As rampas erradas (fora
do padrão de acessibilidade) continuaram condenadas; o acesso que ficou de ser
providenciado na entrada da sala de imprensa não fora feito; a palestra de
capacitação que Deborah Prates ficou de fazer, pelo avançado da hora para a
abertura da programação especial para convidados e fornecedores (9/9), ficou
adiada para algum dia antes de 13/9 (o que não ocorrera); o piso de pedras
continuou solto por todo espaço e perigoso para qualquer transeunte.
De novidade conseguiu-se
ver apenas um banheiro acessível - numa das seis ilhas - que estariam disponíveis
ao grande público. Afirma-se que, de fato, estava bom. Os banheiros feitos sob
encomenda ficaram excelentes. O piso plástico imitando tábua corrida não estava
derrapando. O espaço permitia um giro de 360 graus com a cadeira de rodas.
Foram colocados dois vasos sanitários de boa altura e disposição, sendo um
deles protegido com barras de ferro atrás e do lado direito. Portanto, boas as
condições para a transferência dos cadeirantes. A pia estava bem posta, dando
para a entrada da cadeira e para que o cadeirante pudesse usar a torneira
adequadamente. Toalheiro e porta sabão estavam em boa altura. Foi sentida a
falta de um apoio para bolsas e utensílios que também pudesse servir de
trocador de fraudas. Sem dúvida seria um plus que, ante o espaço, ficaria
inteiramente confortável como um banheiro da família, acompanhando a tendência
de funcionalidade hodierna. Notou-se que a torneira da pia deveria ser de
alavanca pensando em deficientes que não tenham mãos ou dedos para girar a
chave da torneira.
Pena que no dia da
inauguração - sexta-feira 13 - muitos banheiros estavam interditados em todas
as seis ilhas. Numa delas o banheiro acessível (com uma plaqueta com uma
cadeira de rodas) estava sendo usado por mulher SEM deficiência. A fila, como
de se esperar numa noite com cerca de 90 mil pessoas era quilométrica. Sem
qualquer preposto para organizar tive mesmo foi que brigar para entrar. Para
tanto, várias poças de urina tiveram que
ser vencidas!
Inacreditavelmente a
rampa de acesso as ilhas de banheiros estavam
fora do padrão, pelo que inacessível aos cadeirantes e demais
deficientes físicos. Fábio Guimarães - andante em cadeira de rodas que
acompanhou a Equipe - teve que ser ajudado/empurrado para a subida, sendo a
descida verdadeira queda de montanha-russa. Fora, pois, do razoável ter um
banheiro acessível sem a contrapartida de acesso até o espaço.
Os setores específicos
para acomodar pessoas com necessidades especiais (deficientes, grávidas,
idosos, pessoas com limitações temporárias...) não estava satisfatório. Por
ilustração o espaço voltado para o palco mundo estava com parapeitos, em forma
de grades de proteção, soltos e muito elevados. Portanto, além de perigosos,
ainda atrapalhando a visão dos cadeirantes. A rampa de acesso estava
absolutamente cruel. Nenhuma independência teria um cadeirante para subi-la.
Inexistia corrimão que o caminho exigia como medida de segurança. Havia um
tapume que tentava atuar como amparador, sendo que um preposto sugeriu que os
que necessitassem poderiam ir fazendo dessa falsa parede seu apoio. Desumano! A
vedação provisória, feita de tábuas, que acompanhava o percurso iniciava depois
de alguns metros do começo dessa inacessível rampa, estando frouxo/instável e
terminando numa enorme fenda/fresta. Nítido que não existia segurança à
integridade física desse público alvo.
Sem sentido, pois, ter
um espaço para acolher pessoa com deficiência INACESSÍVEL. No dia da inauguração lá estava a fenda a espera do pé
de algum cego!
Esse espaço - localizado
debaixo do brinquedo tirolesa para aproveitamento do terreno - na diagonal
principal - prejudicou a visão, por inteira, do palco. Esse público só
conseguiria ver cerca de 60% do espetáculo, pelo que, para a edição 2015,
poderia ser melhor posicionado. Nada que um bom arquiteto e/ou engenheiro não
desse conta.
A promessa de existência
de Equipe de apoiadores para o trato/recepção dos diferentes somente
funcionaria com palestras de capacitação. Até por isso reforçou-se a
necessidade dessas palestras com a maior URGÊNCIA. No dia da estreia, de fato,
existiam pessoas credenciadas, no entretanto NADA sabiam acerca desse
contingente especial. Nadamos, nadamos e morremos na praia!
Foi ratificado, pelo
coordenador, que para essa edição 2013, haveria mais um veículo adaptado para
trazer os deficientes da parada do ônibus até a entrada especial, num total de
duas conduções. De acordo com o orientador, apesar de estar disponível, nenhum
deficiente procurou esse recurso na edição 2011. Houve o reconhecimento de
falha na comunicação entre o Rock in Rio e os destinatários/usuários.
A Comissão de Direitos
Humanos/OAB/RJ se colocou a disposição para ajudar a divulgar e trabalhar na
condição de voluntariado nessa especificidade, no entretanto, o administrador
não deu retorno. Fica, dessa forma, provado que a capacitação (ACESSIBILIDADE ATITUDINAL) é a grande saída
para um evento de sucesso.
Conferido o
funcionamento dos brinquedos. Por ilustração, a roda gigante estava inacessível
aos deficientes físicos, bem como aos que estivessem com alguma limitação
temporária. Para os deficientes visuais encontrava-se em boas condições. No
entretanto, qualquer pessoa com deficiência precisaria de ajuda nesse parque.
Solicitou-se para a
edição 2015, pelo menos, uma cabine com total acessibilidade, melhor
explicitando, daquelas que a cadeira de rodas pode entrar e ser protegida pelas
grades de segurança. Nenhum dos apoiadores com quem trocou-se ideias haviam
ouvido falar em parques/ brinquedos ACESSÍVEIS. Mais uma vez fica cristalino
ser o diálogo o melhor caminho.
Na área VIP, por
ilustração, havia uma rampa que deveria levar um cadeirante e outras pessoas
que necessitassem de acessibilidade a um
platô, todavia, íngreme. Seu destino seria um elevador que tinha um degrau para
a entrada. Descrição que foge totalmente ao raciocínio lógico, valendo dizer ao
bom senso. O elevador estava em sintonia com os critérios de acessibilidade,
mas sem eficácia ante os obstáculos apontados.
Ao lado do elevador
havia uma escadaria onde o corrimão começava, inacreditavelmente, no terceiro
degrau. Totalmente fora dos parâmetros determinados pela Norma Regulamentadora
9050/2004, que manda que o corrimão/proteção comece, no mínimo, 30 cm antes da escada ou
rampa, bem como obedeça igual critério na saída da escada ou rampa. Destaca-se
que corrimão não é enfeite.
Nessa enorme e linda
área também havia uma corrediça/ trilho- bem saliente no chão - dividindo a
área coberta da varanda - que impedia a passagem de cadeiras de rodas e de
todos aqueles com dificuldades para andar. Sem contar dos distraídos que,
certamente, estariam correndo risco de acidente. A varanda, com piso coberto
com grama artificial, encontrava-se absolutamente irregular. Provado, nesse
comentário, que um Rock in Rio Acessível é para TODOS e não só para as pessoas
com deficiência.
Assim, no quesito
acessibilidade pouco fora feito para essa edição 2013, que diferencie a
situação da edição 2011. Sem dúvida um ponto favorável foi o terreno estar bem
mais plano.
A nosso pedido fora
disponibilizada pulseira, com o fito de melhor atendimento aos diferentes que
quisessem. Importante deixar esse ponto bem claro, valendo dizer que aos que se
sentissem desconfortáveis em seu uso bastaria a recusa. Logo, uma opção a mais
sem constrangimento de parte a parte. É o que muitos juristas denominam de
"discriminação positiva/afirmativa".
Para bem entender as
ações afirmativas (citadas acima) é que tem lugar a transcrição de pensamento
de Aristóteles:
"A verdadeira
igualdade consiste em tratar-se igualmente os iguais e desigualmente os
desiguais a medida em que se desigualem".
Sendo a ACESSIBILIDADE
ATITUDINAL a chave do sucesso para um mundo com maior bem-estar para todos é
que vale destacar o importante papel do ANDANTE EM CADEIRA DE RODAS
- que acompanhou a CDH/OAB/RJ - Sr. Fábio Guimarães. Sem dúvida, causa um
positivo impacto no corpo social, já que desmistifica essa ferramenta de
locomoção que, na maioria esmagadora da população, causa medo. Imprescindível
para uma coletividade mais igual é o humano entender que deficiência NÃO é
doença. Em muitas situações as pessoas, ao verem Fábio se levantar, pós
espanto, pedem para também sentarem na cadeira de rodas.
Relevante destacar,
outrossim, a bengala recoberta em leds usada por Deborah Prates em situações em
que o cão-guia não deve ser exposto a barulhos excessivos, queima de fogos...
Pelo revestimento em leds as pessoas chegam perto e pedem para tocar na
bengala. O recurso de acessibilidade termina passando de mão em mão, o que é
bem salutar, já que antes desse artifício os semelhantes nem queriam encostar
nela.
Dessa sorte, de forma
lúdica, a Equipe vai mostrando à coletividade que as diferenças existem no
viver diário como são e não como gostaria que fossem.
Ficou a proposta para
que na edição 2015, a
campanha do Rock in Rio tenha como foco a pessoa com deficiência, como forma de
sensibilizar a coletividade para a construção de um MUNDO MELHOR PARA TODOS.
Restou ratificada e
reiterada a necessidade de, ao longo dos próximos dois anos (visando a edição
2015), fazer palestras de capacitação para toda Equipe de trabalho, inserindo,
é óbvio, os parceiros/apoiadores, objetivando despertar a solidariedade. Este é
um sentimento, bem que não pode ser ensinado, como se faz com a matemática,
física, filosofia, ética... Solidariedade tem que brotar de dentro para fora. A
partir do momento em que as pessoas se colocam no lugar do outro a magia se faz
e as mudanças vêm naturalmente. O trabalho de conhecimento, nesse primeiro
momento, é contundente.
O mister da CDH/OAB/RJ
foi o de retirar pedras sobrepostas em boas sementes. Como diz Cecília Meireles
num de seus poemas, não se pode ensinar primavera para gelos e areias. É
necessário cultivar para colher.
A Comissão preparou um
relatório de falhas a serem corrigidas, na intenção de colher flores na edição
2015 do Rock in Rio. Os grandes eventos têm o dever de deixarem bons legados à
coletividade!
Mostra de perigosa
fenda (armadilha para cegos) existente No espaço reservado para pessoas com
deficiência.
Mostra de que na fenda
acima cabe um pé tamanho 39. Perigo!
Mostra de rampa íngreme
na área reservada para deficientes.
Mostra dos deficientes
na área reservada.
Mostra de que o palco
está da diagonal principal, com grades inclinadas/soltas e em altura que
atrapalha a visão dos deficientes.
Mostra da
desorganização da fila do banheiro próximo ao acessível, sem preposto para
higienizar e proibir a entrada de pessoas sem deficiência (no primeiro dia)
Mostra dos banheiros
interditados. A cada 15, 5 estavam interditados (para um público de 90.000
pessoas)
Mostra de rampa íngreme
na entrada dos banheiros acessíveis.
Mostra de Fábio
Guimarães (andante de cadeira de rodas) no interior do banheiro acessível, onde
as barras de transferência estão boas.
Mostra da pia com chave
giratória da torneira, inacessível para que não tenha dedos.
Mostra do piso com as
pedras já soltado no dia 09/09/2013.
(antes da inauguração
do Rock in Rio). Esse quadro não foi corrigido.
Mostra de Deborah
Prates na roda gigante. O parque estava com todos os brinquedos inacessíveis.
Mostra de corrimão na área VIP começando no terceiro degrau.
Mostra do Bob’s, com
parte do balcão rebaixado (ideal para cadeirantes e pessoa com nanismo)
Mostra da rampa íngreme
até o elevador da área VIP, com um degrau na porta.
Mostra de
corrediça/obstáculo dividindo área VIP da varanda. Essa, revestida com grama
artificial totalmente irregular. Prova de que um RIR acessível é para todos!
Sala de imprensa sem
acessibilidade.