quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Cão-guia Jimmy Prates na avenida - Embaixadores da Alegria Carnaval 2015!

Como exercício de acessibilidade atitudinal é que informo a existência da escola de samba Embaixadores da Alegria, que desfilou no sábado pós carnaval abrindo o desfile das campeãs no Rio de Janeiro.







É a única escola de samba do Brasil verdadeiramente INCLUSIVA; isso porque é formada de cerca de 60% de pessoas com deficiência e de 40% de pessoas sem deficiência. 


Nenhuma escola de samba do grupo especial do Rio tem prazer em inserir as pessoas com deficiência em seus desfiles. Alegam que estragam a harmonia, enfeiam as fantasias, prejudicam o tempo de desfile e, por último, que não é nada bonito ter "um bando de aleijados e cegos" compondo o carnaval. 


Fato é que somos todos humanos e queremos sentir a alegria e a felicidade desses dias de magia. O tema foi a loucura, com base na famosa história "Alice no País das Maravilhas". 


Apresento a todos o meu "pessocão" JIMMY PRATES, que foi um lorde desde a concentração até o final do desfile. Quando a arquibancada gritava por ele, o danado balançava a cauda e era um riso só. Conheçam a Embaixadores da Alegria!

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Praticando a Acessibilidade Atitudinal

PRATICANDO A ACESSIBILIDADE ATITUDINAL




 Descrição da foto para deficientes visuais: Deborah Prates e sua filha Alice Mabel Prates estão agachadas no centro da foto, com os braços entrelaçados e sorrindo para a câmera. À frente está Jimmy, cheirando o pé de um coqueiro. A paisagem é de um céu azul, o mar calmo e uma faixa de areia.


                Quero acreditar que o leitor, depois de ter lido sobre acessibilidade atitudinal, esteja apto a investigar e rever as velhas "verdades" que ainda engessam - em 2015 - os nossos cérebros. Quero acreditar, ainda, que tenha ajudado na construção de novas certezas acerca das pessoas com deficiência, bem como das acessibilidades. Por conseguinte, quero crer que, através da reformulação do conhecimento, o cidadão tenha concluído que cidade acessível é mesmo para todos!


                Almejo, com os meus escritos, ter despertado em muitos o sentimento da solidariedade. Sei que essas novas e boas sementes estão germinando, brotando, nascendo e perguntando: de que forma poderia exercitar a tal atitudinal? como posso ajudar? como proceder na prática?


                Para esse recomeço dos humanos que abandonaram a cegueira voluntária é que deixo algumas sugestões básicas de exercícios de acessibilidade atitudinal. Todas sem custos e sem necessidade de ser autoridade para realizá-las! Percebam que somos nós - individualmente - que representamos a possibilidade de um mundo melhor para todos.


                O leitor, depois desse pontapé inicial, poderá dar asas à sua imaginação e voar com ética, voar com ética, voar com ética... quebrar velhos preconceitos... romper barreiras... formular novos conceitos... arrebentar as grossas correntes... sair das sombras e encontrar o sol.



A - Be My Eyes (Seja Meus Olhos)



                Na era tecnológica, penso que o humano que tenha Iphone gaste muito de seu tempo brincando no aparelho com passatempos egoístas, melhor dizendo, com distrações que só beneficiam o próprio usuário. Nada contra! Mas, e se essa visão individual migrasse um pouquinho para beneficiar a coletividade? Bacana, hein?


                Hans Jorgen Wiberg,  deficiente visual dinamarquês, ao invés de ficar apenas reclamando da vida, colocou em prática um maravilhoso pensamento, traduzido no aplicativo apresentado no site do Be My Eyes (seja meus olhos).


                O objetivo do aplicativo é fomentar a solidariedade para que todas as pessoas que tenham o sentido da visão em bom estado, possam emprestar seus olhos - por alguns segundos - para os cegos.


                Claro que, assim como eu, os deficientes visuais querem mesmo é desfrutar dos direitos constitucionais, como, por ilustração: ir e vir com liberdade, trabalhar... Porém, sempre repito em minhas palestras que, por mais esforço que eu faça, Deborah Prates nunca mais será a mesma de antes da cegueira.


                Sem serem submissas, as pessoas com deficiência hão que ser humildes; o suficiente para reconhecerem que em inúmeros momentos do dia a dia necessitam de olhos amigos, solidários. Nesses simples e importantes instantes é que o aplicativo "seja meus olhos" é uma benção.


                Sou cadastrada no aplicativo e aqui dou o meu testemunho sobre a genial ideia. Antes de saber da ferramenta fui fazer um macarrão e, dentre vários pacotes, fiquei sem saber qual deles era o integral. Estava só em casa, valendo dizer sem um olho amigo. Até tentei colocar o pacote sobre o vidro do scanner para ler a embalagem; não consegui. Acabei pegando um pacote qualquer que, ao final, não era o integral.


                Veja, caro leitor, que foi uma besteira! Todavia, depois do Be My Eyes pude, em menos de um minuto, consultar um olho solidário e degustar, exatamente, o que eu desejava. Poxa, senti-me tão feliz! Percebi na voz do humano voluntário tanta satisfação em ajudar-me... emoção indescritível... tão simples, né? Meus olhos encheram-se de lágrimas quando ouvi da minha filha que ela já havia feito a sua inscrição como voluntária... princípios e valores humanos aprendem-se em casa...


                Pratique a atitudinal e faça você também a sua inscrição no site Be My Eyes. É fácil ser um voluntário! sem custos e sem burocracia!


                Basta fazer o download do aplicativo e se cadastrar, tanto pelo Facebook, quanto pelo endereço de e-mail. Informe sobre a sua disponibilidade, bem como do idioma falado.


                Somente isso mesmo! Então, o voluntário entra em uma fila de espera podendo receber uma chamada no vídeo chat a qualquer minuto. Se, por ilustração, no momento da chamada você estiver dirigindo, não se preocupe. A chamada, automaticamente, será redirecionada para outro voluntário.


                O aplicativo está disponível apenas para Iphone, contudo, tão maravilhoso é que, em breve, penso que já estará pronto para outros sistemas. O importante foi que já começou o fomento da cultura da solidariedade.


                Através da mudança do seus hábitos, comportamentos, o leitor poderá colaborar para que uma pessoa cega saiba, por exemplo: a data de validade de medicamentos, alimentos, cosméticos; conheça como é o local onde estiver através da descrição da imagem; leia rótulos diversos e muito mais!




B - Reveja seu bigode



                Para uma pessoa surda, que lê os lábios de seu interlocutor, o bigode é um monstro, um vilão.


                Imagine-se um homem credenciado no setor de RH de uma empresa fazendo entrevista de um candidato surdo.


                Basta parar e pensar que aqueles pelos que crescem na parte superior dos lábios e que muitas vezes o escondem impedem que a pessoa surda proceda a leitura labial. Ora, o candidato já chega nervoso, precisando desesperadamente daquela vaga e, ao olhar para você, não consegue entender absolutamente nada por conta do seu bigode. Situação patética, triste! Poucos humanos já pararam para refletir sobre o assunto.


                                Imagine-se no lugar do candidato e responda: vale mais ostentar a sua vaidade com o farto bigode ou tem mais valor incluir em seu diálogo o ser humano surdo.


                O leitor pode argumentar: esse assunto não me diz respeito, já que não trabalho em RH. Puro egoísmo! Já se imaginou - portando seu ostensivo bigode - no interior de uma loja de departamentos pedindo ajuda sobre um produto a um trabalhador sem saber que ele é surdo? O empregado, perplexo, fica estático olhando para o seu maxilar que sobe e desce, sem que ele possa entender coisa alguma! Situação constrangedora e que pode comprometer o emprego de uma pessoa com deficiência.


                Agora é o leitor um juiz de Direito - que exibe em seu rosto abundante bigode - e está na presidência de uma audiência. Na mesa encontra-se uma das partes, representada por um advogado surdo, numa situação deveras humilhante, vez não conseguir fazer a leitura do diálogo em seus lábios por culpa - exclusiva - do seu bigode. Então, como representante do Poder Judiciário, o leitor, antes de julgar o próximo, precisa autojulgar-se e ver se condena a si próprio por não ser um cidadão ACESSÍVEL.


                Revendo a sua vaidade, superficialidade, é que sugiro seja autoavaliado o seu bigode. Seja solidário, mude seus hábitos e conceitos; corte o seu bigode! Torne o planeta mais acessível.




C - Respeite os Assentos Especiais



                Nos transportes, salas de espetáculos e em tantos outros locais existem assentos preferenciais, melhor dizendo, especiais para pessoas com deficiência e limitações físicas, idosos, gestantes... que, na maioria das vezes, estão ocupados por humanos que não preenchem as condições para estarem sentados neles.


                Esses lugares representam um número ínfimo no contexto dos assentos e têm que ser respeitados por todos; é lei! Ocorre, na prática, que virou regra serem ocupados por qualquer humano, ainda que fora das especificidades da destinação. No Metrô do Rio de Janeiro é raro as vezes que entro num vagão, acompanhada de meu cão-guia, e tenha algum lugar especial vago. Estão sempre ocupados por quem não tem direito a eles, sendo que eu tenho que puxar "briga" para exigir que a pessoa se levante para que eu possa ocupar o que a lei me reservou. Situação cansativa e vexatória para ambas as partes.


                Eis uma boa oportunidade para que o leitor reflita sobre a situação e mude seu mau comportamento. Eis uma atitude transformadora para um Brasil mais justo. Só depende da sua solidariedade.



***



                Pronto! A partir desses simples gestos de solidariedade o cidadão já estará tornando o planeta mais ACESSÍVEL! Para essa singularidade você precisa, tão-só, modificar-se; ver além do que os seus olhos podem ver... reciclar seus velhos preconceitos e atualizar conceitos... a verdade de ontem não vale mais para hoje.




ACESSIBILIDADE ATITUDINAL JÁ!