Feliz dia dos filhos!
Para todas as mães, feliz dia das mães!
Descrição da imagem para deficientes visuais: Fundo preto, com um foco de luz no meio da imagem e, neste foco, uma silhueta de um passarinho voando.
Pensei em nada escrever;
afinal, hoje é meu dia e não vou me dar parabéns.
Desci com Jimmy para o
primeiro pipi lá pelas 5h30... Subi, limpei-o... Tomei café e voltei para a
cama... Levantei novamente e pus-me a escrever; vício bendito! Pensei, refleti,
viajei.
Voei nas asas da
imaginação. Minha filha dormia... Presente, passado e futuro... A alegria de
ler o exame de sangue confirmando a gravidez e o pânico com a incerteza do
futuro.
Mergulhei nas ideias,
fiquei em transe.
Certamente, este não era
bem o planeta que eu gostaria para minha filha; mas será que eu dei tudo de mim
para construir/edificar a nova força para somar na transformação tão necessária
para um Brasil sem deficiência? Eis a questão e o mistério da fé.
Claro que eu não contava
em ser atropelada, no auge da profissão, pela cegueira em ambos os olhos...
Vida, caixinha de surpresa! Era como se andássemos no fio da navalha,
equilibrando sempre, tensão absoluta, estresse, frio na alma, incertezas...
A deficiência tornou-se,
não um problema, mas a nossa nova realidade em um contexto rigorosamente
inacessível. Pernas bambas, contudo a esperança jamais pereceu.
Nos primeiros passos na
nova realidade deparamo-nos com o assédio moral na escola, lúdica face da
violência a que minha filha ficara exposta; dor inenarrável diante da cegueira
da direção, que nada via por ser preconceituosa... um local que frequentávamos
fazia dez anos, em uma ilusão de que estávamos em uma escola... aprendendo o
quê?
Aprendendo a formar maus
seres humanos iniciando a adolescência... Absurdamente, eu me sentia culpada.
Viveiro/criadouro de
monstros é o nome genérico/técnico, ou seja, o princípio ativo de escolas e que
deveria prevalecer sobre a marca comercial na embalagem, à frente das edificações.
Daí é que no viver diário estamos sempre trombando com pais-monstros,
filhos-monstros, professores-monstros, semelhantes-monstros, gestores-monstros.
Somos o produto desse
planetário viveiro de seres cruéis, desnaturados, horrendos, que semestralmente
ganham um canudo, chamado diploma em festas de formaturas, feitas nos locais
que aprendemos a chamar de escolas.
Estamos, literalmente,
como cachorros e/ou bichanos correndo atrás do rabo. Julgo que deveríamos
pensar em criar um viveiro de pensadores, concordam? Vamos nos dar às mãos e
agigantar a rede da solidariedade; aprender a viver como irmãos; mudar os
nossos maus hábitos. Acessibilidade atitudinal já!!!
No Dia das Mães -
08/05/2016 - sou eu quem tenho de render as minhas sinceras homenagens à minha
filhota que, aos 12 anos, segurou comigo a inenarrável/imensurável porrada que
a vida tinha guardada para nós.
Como bêbadas, na corda
bamba, fomos nos equilibrando... Voando... Tropeçando e vencendo... Atirei-me
no espaço vazio, no breu absoluto com minha filhota amarrada em minhas asas...
E ela aprendeu a voar em tempo antecipado.
O ser humano tem uma
inexplicável capacidade de recuperação; estamos em pé e caminhando, cantando
firmemente, sem titubeios. Com que facilidade esquecemos que nada é eterno, a
não ser o próprio movimento. A felicidade existe e temos a obrigação de ir ao
seu encontro, às duras penas.
Troco, na certeza do
acerto, o título de Dia das Mães por Dia dos Filhos, para dizer à minha filha:
obrigada por ter ficado ao meu lado e me ensinar a plenitude da vida; grata por
ter me dado a oportunidade de reciclar meus ultrapassados conceitos e de
destruir preconceitos... de me reconstruir. Enxergar com os olhos do espírito.
Feliz dia dos filhos!
Vou agora acordar a minha
filhota...