Dia
Internacional dos Direitos Humanos. No dia de hoje vi inúmeras falas sobre
Direitos Humanos. Em todas, percebi que a sociedade funciona ligando a chave do
ser humano universal; explicando melhor: aquele humano que está dentro de um
padrão ditado como "normal".
O
nosso corpo é a nossa única forma de estar no mundo e de interagir com ele.
Assim, todos os que fogem as hétero normas estão à margem do padrão de uma sociedade extremamente
desigual e preconceituosa. Desse modo, vale uma reflexão para dizer que não
existe um padrão para nós, já que todos os corpos, inclusive os com
deficiência, fazem parte de um único todo.
Logo,
um ser humano universal inexiste, pelo que é uma falácia de uma sociedade que
reforça estereótipos focando na matéria e não no ser que habita esta matéria.
As diversidades existem na natureza como são e não como a sociedade as
idealizou. Como diz o professor Boaventura de Sousa Santos, as causas hão que
dialogar para, juntas, enfrentar/lutar e resistir a todo tipo de opressão.
Boaventura fala das epistemologias do sul como uma metáfora para indicar os que
ficam oprimidos.
Assim,
deixo o pensamento de que pessoas com deficiência, de todas as classes sociais,
negras, grupos LGBT+, mulheres, indígenas, bem como todos os seres humanos que
se sintam oprimidos ou discriminados precisam ir a luta juntos para que a
resistência seja consistente.
Sou
pessoa com deficiência e sofro com o capacitismo. Penso que ninguém que tenha
consciência das injustiças praticadas contra os oprimidos possa se sentir
confortável usando uma maquiagem de neutralidade. Impossível ser neutro diante
das injustiças sociais. Uma democracia que só garante a maioria e que não faz
justiça histórica é covarde.
Continuarei
na luta por essa justiça, vez que não aceito a imposição caritativa da
sociedade, que me coloca na condição de menos humano, ou seja, de quase pessoa.
A Constituição da República tem como seu alicerce a dignidade da pessoa humana,
pelo que eu exijo ser tratada como tal.