sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Palestra no Museu Nacional

Amigas e amigos, vejam que iniciativa bacana do Museu Histórico Nacional/RJ! E ainda tive a honra de ter sido convidada para ser a palestrante de abertura do solidário evento! O apagamento social que a sociedade provoca nas pessoas com deficiência é imensurável e inenarrável, pelo que sempre me emociona esse tipo de convite. Divido com vocês essa constitucional iniciativa com o objetivo de contaminar todo mundo com a busca do conhecimento para vencer todo tipo de preconceito. Segue a parte do convite que interessa para esse nosso papo em casa.

"... convidá-la a participar como palestrante no Curso Educação Museal e Acessibilidade, que se realizará no Museu Histórico Nacional, no âmbito do Programa de Pesquisa e Criação em Educação Museal do Núcleo de Educação/MHN, entre os dias 12 e 14 de fevereiro de 2020, para uma turma de 45 educadores, pesquisadores, estudantes e demais profissionais de museus."

O capacitismo (preconceito contra pessoas com deficiência) é tão naturalizado que as cidades são construídas tendo como padrão de arremates, bordas das calçadas os conhecidos meios-fios. Naturalizadas, igualmente, são as escadas para acesso de entradas de prédios. É assim desde que o homem aprendeu a construir. Engenheiros e arquitetos não são ensinados diferentemente ao longo dos séculos.
É dessa forma cega, automatizada pelo capitalismo que nos assola que os gestores autorizam quais os corpos que poderão circular com independência e autonomia pelos espaços públicos. Assim, apenas os corpos que obedecem a heteronormatividade/corponormatividade é que estão diplomados/aptos, a usufruírem das suas liberdades e igualdades. Os demais são naturalmente EXCLUÍDOS, como bem nos mostra a história. Essa cultura há que ser quebrada urgentemente. Certo é que o pior cego é o que não quer escutar. O pior é que não está adiantando gritar!!!
Óbvio que o "normal" seriam as bordas de todas as calçadas serem feitas com RAMPAS, não acham? Por que escadas e não RAMPAS para os acessos a todos os lugares altos? Conheço edifícios garagens de 15 andares, evidentemente, inteiros com rampas de acesso para os automóveis.
Contraditoriamente, existem escadas para que os seres humanos passem para outros ambientes!!! Todos robotizados... É isso, vivemos em zonas muralhadas, como bem escreveu o poeta português Mário Cesariny em um dos seus belos poemas. Por essa breve explanação é que tem lugar destacar esse evento que busca o conhecimento para quebrar a cultura excludente que nos desumaniza. Repito que precisamos urgentemente repensar o nosso convívio social.