segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Sustentabilidade Humana - Dezembro 2011



Descrição da imagem para deficientes visuais:
(Foto: Alice Mabel Prates)

Fotografia colorida de um esqueleto humano usando chapéu de folhas verdes.
De frente, no lado esquerdo da imagem, em detalhe, são vistos o crânio com
o chapéu, parte dos ossos das costelas, a clavícula, omoplata e
úmero pertencentes ao lado esquerdo do esqueleto. No lado direito da
imagem, é visto um ramo de folhas verdes que avançam em direção ao crânio
do esqueleto. Ao fundo parte de uma janela de vidro com luz branca.




"SUSTENTABILIDADE HUMANA"
(Amadurecimento do projeto em 26/12/2011)

                        Pós cegueira. Meus neurônios em total ebulição. Bombardeios de todo lado. Sentia-me andando em círculo tentando entender a razão das pessoas a minha volta terem me virado às costas! Equilíbrio sempre! Claro que manter o bom senso em momentos de transição é preciso estar em forma com o cérebro!

                        Como ambientalista foi que comecei a ver que o nosso discurso estava  começando pelo final! Como discutir o texto do novo Código Florestal, como dizer para um semelhante abraçar uma árvore, como conter o derretimento das calotas polares, como argumentar pelo não desmatamento, SE não conscientizarmos o próprio HOMEM de que está devorando a SI PRÓPRIO?

                        Cega leio muito mais do que quando enxergava. Noutro dia li e adorei um pensamento de autor desconhecido: "Somos todos anjos de uma asa só. Precisamos nos abraçar para poder voar".

                        Necessitamos nos conscientizar de que somos todos hóspedes nesse Planeta e que, quando chegar a hora de pagar a conta para a viagem de regresso, nosso lugar há que estar INCÓLUME para recepcionar o novo ciclo da espécie humana.

                        Parece que somos organismos livres - sem compromissos - e que dependemos de PREDAÇÃO para "sobreviver"! Assim, nos devoramos, nos destruímos!

                        A supressão do sentido da visão, para a sociedade, foi sinônimo da perda da minha capacidade intelectual! Cruel? Sim. Contudo, comportamento normal/comum. Não aprendemos a contemplar as DIVERSIDADES na natureza de forma consciente. Lembro de mostras de fotografias, bem como de cenas de filmes em que eram exibidas, como EXUBERANTES, árvores deficientes, com seus troncos fora do padrão, flores que tinham coloração longe do habitual da espécie, cavernas onde a biodiversidade só existia porque viu-se obrigada a inovar para sobreviver ...

                        No contraponto o homem não é capaz de perceber a beleza/exuberância noutro  igual que se apresente com características distintas da maioria considerada perfeita. Entendemos lindo um cão albino. A contrário senso discriminamos um homem albino! Dizemos: "Coitado"! É uma "barata descascada"! Um "sarará, sarassará"! Um animalzinho que deixa de crescer é tido como "fofinho". De outro ângulo, um homem com nanismo é chamado de "pintor de rodapé"!

                        Como diz um grande professor amigo: "É A CULTURA DA SUPERFICIALIDADE". HORRÍVEL!

                        Sem conhecimento dos fatos  foi que, desde o início da civilização, preconcebemos nossos semelhantes diferentes e, consequentemente, os discriminamos impiedosamente. Em tempos remotos já fomos tidos como impuros e, por isso, atirados contra paredões. Já fomos largados pelas escadarias das Igrejas a espera de esmolas. Tidos como loucos. Já fomos deixados nas rodas dos enjeitados na esperança de que ela girasse para dentro de algum convento. Há cerca de 5 anos já fomos rejeitados, juntamente com nossas Famílias, pelos nossos vizinhos em decorrência de cegueira!

                        Indubitavelmente a cultura da hora é a da superficialidade. Aquele que ousar fugir ao estereotipo ditado pela sociedade certamente será DISCRIMINADO. Por exemplo, o que não couber na forma da indústria da moda, ou seja, acima do manequim tamanho "40", já será tido como "GORDO", pelo que DISCRIMINADO. Corpos malhados, sarados, "bombados" são exaltados. Contraditoriamente CHORA" a sociedade nos enterros dos corpos vítimas da ANOREXIA!

                        Amadurecendo as ideias foi que concluí que a imagem perfeita para o ser humano hodierno seja a de um ESQUELETO. Esqueleto? Sim. Homens e mulheres contratam cirurgiões para a retirada de peles, pelancas e gorduras indesejáveis. Logo, só resta um amontoado de ossos! O crânio é oco! Precisamos nos redescobrir!

                        Recentemente, dando uma olhadela na história da civilização, peguei o antigo Testamento e parei nas profecias de Ezequiel, Capítulo 37, versos 1 a 11, "OSSOS SECOS", e, com agradável surpresa, tracei um paralelo com esse meu atual projeto de vida "SUSTENTABILIDADE HUMANA". Extraordinário como estagnamos! Perdemos a fluidez!

                        Nesse documento está escrito: "verbis"

                        "Veio sobre mim a mão do Senhor; ele me levou pelo Espírito do Senhor e me deixou no meio de um vale que estava cheio de ossos, e me fez andar ao redor deles; eram mui numerosos na superfície do vale e estavam sequíssimos. Então me perguntou: Filho do homem, acaso poderão reviver estes ossos? Respondi: Senhor Deus, tu o sabes. ..."

                        Exatamente como estamos hoje! O Planeta virou um vale de ossos sequíssimos! Pereceu a nossa esperança. Permanecemos egoístas como nos tempos do profeta Ezequiel!

                        Imprescindível se faz aumentar a nossa espiritualidade! Parecemos vivos por fora, contudo MORTOS por dentro! A sensação é que perdemos as forças para lutar! Tanto faz, como tanto fez.  Vamos ficando na marola da vida e ao sabor da sorte. Não conseguimos mais nos apaixonar, não sabemos mais gargalhar e/ou sorrir. Sonhar? Também esquecemos. Tristeza!

                        Voltando ao presente lembro da canção interpretada pelo cantor Zeca Pagodinho "Deixa a vida me levar". Diz o refrão: "Deixa a vida me levar. Vida leva eu ... Sou feliz e agradeço por tudo que Deus me deu".

                        Paralisamos. E, quando alguém nos pergunta: - Quando as coisas vão melhorar? Respondemos igual ao profeta Ezequiel: "Só Deus sabe"!

                        QUANDO DESPERTAREMOS?

                        SUSTENTABILIDADE HUMANA já! Doravante esse é o meu projeto de vida. Precisamos nos unir para recepcionar a campanha REFLORESTANDO CÉREBROS". A frase a ser trabalhada/divulgada é: "QUERO MEU CÉREBRO VERDE"!

                        As mentes humanas estão áridas e, em grande número, necrosadas! Solo rachado, ressequido nada produz. Temos que cuidar da base para, depois, reflorestá-la. Precisamos nos amar para, posteriormente, amar o outro. Daí será fácil, fácil preservarmos o Planeta.

                        A perpetuação da espécie humana tem seus chavões na cultura da paz e na rede da solidariedade.
                        Tenho sim a pretensão de, através desse blog, contribuir na planetária rede da solidariedade via diálogo. A cooperação há de ser a nova forma de fazer política! Pobre do empresário que, nesse terceiro milênio, pensar tão-só no lucro! Tolo daquele que não despertar o seu quociente espiritual. Idiota daquele que não exercitar o seu ponto de "DEUS" no cérebro! Não adianta tentarmos "pegar no tranco"! Mudanças de hábitos são lentas, razão pela qual reaprender a viver em sociedade é processo demorado, pelo que há que ser SUSTENTÁVEL, já que é cíclica a existência na Terra.

                        No auge da moda está a palavra SUSTENTABILIDADE. Diz-se de tudo quanto seja capaz de se manter mais ou menos constante, ou estável, por longo período. Fica, então, a pergunta: O quê providenciar para desengessar/desenlatar o cérebro humano?

                        Você que me lê, tem alguma sugestão?

Carinhosamente.

DEBORAH PRATES


                        "Nunca ande pelo caminho traçado,  pois ele conduz somente até onde os outros foram." (Alexandre Graham Bell)





Descrição da imagem:
(Foto: Alice Mabel Prates)

Fotografia colorida de um esqueleto humano, está sentado em uma cadeira de
praia colorida. A cadeira está sobre uma superfície de mármore travertino e
ao fundo vê-se uma cortina bege transparente. Através dela penetra a luz e
com pouca nitidez são vistas algumas plantas.






Descrição da imagem:

(Foto: Alice Mabel Prates)
Fotografia colorida de um esqueleto humano com chapéu de folhas verdes,
está sentado em uma cadeira de praia colorida sobre o peitoril de uma
janela de vidro com luz branca. Atrás do esqueleto são vistos quatro
vasos com plantas de folhas verdes sobre o peitoril e um vaso com planta de
folhas verdes pendurado, cujas folhas avançam em direção ao crânio do
esqueleto.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

FELIZ ANO NOVO


 "FELIZ ANO NOVO"

PURA EMOÇÃO!


                   - Inês! É Deborah Prates, estou ligando para confirmar nossa presença na lista do Teatro dos Sentidos. Anote meu nome e o da minha filhota. Obrigada.

                   - Ah! Deborah, que bom! Estou marcando com o Grupo às 19:30 horas, na porta do teatro. Fica no Planetário da Gávea. Legal se todos estiverem no horário combinado.

                   A campainha soou. Fui correndo abrir ante o avançado da hora. Era Bel que chegava do teatro que fora com o pai.

                   - Filha! Graças! Tudo bem? Já estou quase pronta. Você aguenta a terceira jornada?

                   - Ai! Cansada, mas aguento. Foi tudo bem, tanto nas compras, quanto no Municipal. São 18:30 horas. A que horas temos que estar no Planetário?

                   - Pois é! Marquei com o táxi às 18:45 horas. Não podemos atrasar. Vamos dar uma corrida!

                   Fomos parar noutro teatro também no Planetário. O relógio corria e nós junto com Jimmy a galope! Chegamos a tempo.

                   - Mãe, lá está o pessoal.

                   - Inês?

                   - Deborah Prates?

                   - Sim! Cá estamos. Essa é minha filhota.

                   E começaram as apresentações com muita alegria. Estávamos em cerca de 15 amigos deficientes visuais e acompanhantes.

                   - Sou Luiz e faço parte do Teatro. Gostaria de saber mais sobre o cão-guia. Isso porque nunca recebemos um guia! Não sabemos como ele se comporta com muito barulho. Vai estranhar? Como devemos fazer?

                   - Ah, Luiz! Boa essa inteiração. Os guias são maravilhosos! São educados, gentis e sabem se comportar como verdadeiros lordes! Desde o treinamento já se acostumaram com o burburinho! Não se preocupem! Vamos em frente.

                   O Grupo do Teatro dos Sentidos estava de prontidão para nos receber com tudo quanto tínhamos direito e muito mais. O público foi dividido em pequenos agrupamentos, sendo, cada qual, conduzido por pessoa da Equipe. Nós três ficamos no aguardo de acomodações mais amplas para que Jimmy ficasse com maior conforto.

                   Após a reunião do público fomos informados que os videntes, bem como os de baixa visão seriam vendados com tapa-olhos. A proposta era nivelar todas as pessoas para que experimentassem os demais sentidos. Já gostei da ideia. Sempre defendi que a sociedade, em geral, precisaria trocar de máscara conosco para que, de fato, pudesse entender a nossa realidade.

                   Todos acomodados. Um artista, então, deu as explicações básicas, de modo que o público entendesse a proposição de Paula Wenke.

                   A peça - "FELIZ ANO NOVO" - escrita e dirigida por Paula Wenke, criadora do Teatro dos Sentidos, é uma encenação concebida especialmente para ser assistida de olhos vendados. Experimentaríamos aromas, sons, sabores e texturas durante o espetáculo.

                   Igualmente todos os presentes foram preparados para que explorassem os sentidos remanescestes - audição, tato, olfato e paladar.

                   Paula desafiou cada um de nós para que encontrasse um novo olhar sobre a narrativa. Para os cegos não foi um desafio, mas um imensurável prazer! Poxa!  Entender a totalidade de uma peça sem o recurso da audiodescrição é tudo que queremos! Óbvio que rendemos graças ao Criador por ter dado ao homem a criatividade para a tecnologia da audiodescrição! No entretanto, com o espetáculo se desenvolvendo naturalmente é bem mais confortável!

                   A história é singela, leve e prazerosa de ser acompanhada com a supressão do sentido da visão. Os atores foram fantásticos! A Equipe, no desenrolar da peça, integrava o público no contexto, trazendo os cheirinhos, sonorização, texturas e muito mais. Plateia e Produção fundiram-se numa inenarrável energia denominada "FELIZ ANO NOVO".

                   Mergulhamos na vida de um adolescente que descobria o amor. Na busca de subsídios para seus sentimentos encontra um livro da autoria de Vinícius de Moraes na biblioteca de seu pai. Em seu folheamento lê versos lindos e sugestivos. percebe que está bem gasto pelo uso. Na contracapa acha uma dedicatória que registra um amor vigoroso e, por ele, desconhecido. Cobra de seu pai - comandante da marinha e viúvo - a identidade dessa mulher. Fica chocado ao ouvir que somente estiveram juntos por uma noite e que nunca mais voltaram a se encontrar. Então, o comandante relembra, numa de suas viagens mar afora, uma noite de réveillon. Viajamos no túnel do tempo numa deliciosa simbiose.

                   Lá vinham os aromas, ruídos, músicas, pipocas, cookies, marshmallows, taças com champanhe, ventos, gotículas d'água, o balançar do navio, mugidos, a roncadeira dos porcos, cocoricós das galinhas, pegada nas mãos, rosas vermelhas, etc....

                   Ficamos inebriados com a festa da passagem do ano com tantos confetes e serpentinas a nos envolver.

                   Verdadeiramente singramos as águas dos oceanos com aquele comandante e suas histórias. Literalmente nos lambuzamos com tudo de bom que a Produção nos ofereceu.

                   O final da peça? Curiosidade mata, né?

                   Saí do teatro com uma mensagem. Temos que ser comandantes de nós mesmos. Isso equivale a pensar com a própria cabeça, ser timão e timoneiro, assumindo riscos pelos erros, pois só erram os que tem a coragem para ousar e, se caírem, levantar e tentar de novo. Sempre e sempre!

                   Fantástica essa experiência. Minha filhota, enquanto vidente, ao final disse: - ADOREI! AMEI!

                   Penso que Paula Wenke seja uma genia! Que momentos calorosos passamos.

                   Confesso que fui para o teatro com certa dúvida se assistiria mesmo algo de novo. Por que? Porquanto, no último setembro, ter conhecido o cinema "6D's". Nossa! Fiquei encantada com as sensações vividas na sala. poltronas com cinto de segurança que se moviam freneticamente, sensações d'água, cheiros, ventos e ventanias, trepidações, etc... Daí cogitei uma comparação e já fui predisposta a achar a peça "boazinha". Que nada! São situações incomparáveis. Como água e óleo que não se misturam.

                   Sem dúvida alguma é o diálogo a melhor forma de sensibilizar a sociedade e, consequentemente, educá-la para que recepcione melhor a PESSOA COM DEFICIÊNCIA. Não adianta querermos pegar no tranco! Desde o início da civilização que temos ciência das crueldades do homem. Já fomos atirados contra paredões. Depois deixados pelas escadarias das Igrejas. Tidos como loucos. Largados na roda dos enjeitados a espera que ela girasse para dentro de algum convento, etc... Assim, com sua genialidade Paula conseguiu misturar/mixar a plateia de modo a nivelar/igualar a todos. Sem dúvida, prova de sensibilidade e cumprimento da democracia no que tange a ACESSIBILIDADE ATITUDINAL E COMUNICACIONAL. Necessitamos mudar as nossas atitudes. Para tanto, precisamos de, em primeiro lugar, nos amar para, depois, amar o OUTRO e, por via de consequência, o Planeta!

                   Mas como terminou a história? O comandante reencontra a tal mulher do mar? E o adolescente se declara para a coleguinha de escola?

                   A resposta será dada diretamente a você que me lê. A temporada termina no dia 11/12/2011. Vá conferir! Vale a pena!

                   Sem arranhões. Tudo perfeito/impecável!

PARABÉNS A TODA EQUIPE DO

TEATRO DOS SENTIDOS

Carinhosamente.

DEBORAH PRATES (cachogente) e JIMMY PRATES (pessocão)

confira meu blog:

http://deborahpratesinclui.blogspot.com/

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

"BONECOS COM DEFICIÊNCIA"


Descrição textual da imagem por Rosa Santos: Fotografia colorida manipulada. São vistos sobre um tapete bege de pelos longos, a imagem em miniatura de uma mulher em pé com um cão guia, uma embalagem de presente desfeita, adornos natalinos e brinquedos infantis. Ocupando o centro, até o lado direito da imagem, vê-se a embalagem de presente, grande, quadrada e com pouca altura, é uma caixa amarela com tampa vermelha, ambas estampadas com motivos infantis coloridos. Está entreaberta no lado esquerdo, dentro da caixa, há uma bola dourada brilhosa. Uma fita larga de cetim azul marinho disposta sobre o lado direito da tampa, cai sobre o tapete, e com pequenas voltas se estende até os pés da miniatura da mulher Deborah Prates e do cão guia Jimmy.  Eles estão em frente à caixa. Ao redor, circulando seus corpos externamente, são vistos sete pequenos pontos de luz branca. Ela olha para frente sorrindo, usa óculos com lentes escuras, blusa estampada cor-de-rosa, bermuda azul marinho e tênis branco, e segura a guia de Jimmy com as duas mãos. Ele é bege e com a boca entreaberta olha para o lado esquerdo da imagem. Ao fundo, por trás da caixa, próximos ao canto superior esquerdo da imagem, são vistos três brinquedos, uma caminhonete vermelha carregando atrás uma bola dourada brilhosa, ao lado, uma melancia verde com rodas verdes, assemelha-se a um besouro, as asas são as duas fatias laterais da fruta, tem olhos grandes, boca pequena e antena, perto dela se vê uma bola vermelha brilhante em frente a um fusca azul com a porta aberta.

FELIZ NATAL!!!

OPÇÃO DE PRESENTE:

"BONECOS COM DEFICIÊNCIA"

Nesse Natal/2011, você compraria para uma criança de suas relações um "BONECO COM DEFICIÊNCIA"?

         Informalmente, antes do início de minhas palestras, faço essa pergunta aos convidados. Em resposta ouço de tudo. Vão algumas posições: "CLARO QUE NÃO"! "AH, NÃO COMPRARIA PARA MEU FILHO UM BONECO DEFEITUOSO". "UM BONECO ALEIJADO? NÃO". "IMAGINE! DAR DINHEIRO NUM BONECO ESTRAGADO"! E por aí afora para todo tipo de mau gosto.

         O amigo que me lê já havia cogitado essa hipótese? Então, venho dividir com todos mais um projeto de minha autoria de nome: "BONECOS COM DEFICIÊNCIA". Seu foco global é o combate a discriminação. Seu objetivo é educar a sociedade para que aprenda a recepcionar o deficiente/diferente. Volto, nesse projeto, os holofotes para a chamada ACESSIBILIDADE ATITUDINAL. Acompanhem comigo o nascimento desse intento, para, ao final, chegarem a alguma conclusão humanitária.

         Resido num condomínio faz nove anos e ao ficar cega (cinco anos) ouvi dos meus vizinhos: A DRA. DEBORAH É ADVOGADA COMPETENTE, MAS É CEGA! POR ISSO TEM QUE SAIR DAS AÇÕES E DO CONSELHO CONSULTIVO. As "amigas" de minha filhota (12 anos a época) se afastaram com vergonha da bengala que eu usava. Num flash percebi que não havia um problema a ser enfrentado, mas sim uma nova e assustadora REALIDADE.

         Chorar! Maldizer! Perda de tempo. Arregacei as mangas e entrei na militância numa LUTA SUSTENTÁVEL por um Planeta + confortável para todos. Percebi que somente através do diálogo é que a transformação do ser humano aconteceria de fato.

         Pretendo contribuir na CONSCIENTIZAÇÃO da sociedade para que, verdadeiramente, recepcionem este seguimento das PESSOAS COM DEFICIÊNCIA como ordena a "Carta da República". O adulto de hoje é a criança DESEDUCADA de ontem.

         Uma criança matriculada na rede escolar, indubitavelmente, influencia a Família inteira. A ideia é que esse aluno reeduque seus Pais para que passem a enxergar as DIVERSIDADES que compõe o Planeta com todas as suas exuberâncias.

         O Brasil é um Estado Democrático de Direito, pelo que a sociedade precisa saber que o DEFICIENTE é sujeito de obrigações e de DIREITOS também. Leis vigem para ser cumpridas por todos. A "Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência", aprovada pela ONU/2006, se incorporou ao ordenamento jurídico brasileiro em 2008, como o único documento internacional com força de norma constitucional. A coletividade tem que contribuir com o processo de conscientização e de difusão deste documento, que estão dentro de um conceito de desenvolvimento inclusivo. Notem que não falo somente do Governo.

         Sob esse foco pensei em preparar a criança para que aprenda a se relacionar com os DEFICIENTES. São dois bonecos: Uma "CEGA" num kit com 3 pares de óculos da moda, 3 bengalas, sendo uma  em forma de varinha de condão, um cão-guia com seus apetrechos e dois tapa olhos para que a criança e acompanhante possam simular a realidade do cego e usar o tato. Outro boneco um CADEIRANTE num kit vestido de paratleta com toda a indumentária característica de um esporte paraolímpico, mais um bloco com os esportes adaptados. Forma lúdica de interagir com a criança.

         Esses dois personagens representariam as deficiências sensoriais e as físicas. No decorrer da exposição ficará evidenciado que as deficiências intelectuais e distúrbios comportamentais entrarão no conjunto de medidas a serem implementadas. Por isso é que temos que investir na capacitação dos profissionais vinculados a educação para que incluam em seus métodos didáticos essas pessoas. Muitos não apresentam, na aparência, quaisquer diferenças. Por ilustração, uma criança com autismo pode bem ser tida como mal educada por suas atitudes, quando, apresentam apenas o comportamento que destoa da média. "BONECOS COM DEFICIÊNCIA", mais diálogo de qualidade é a receita.

         Noutro dia ouvia um programa num canal cuja programação só versa sobre animais e fiquei encantada ao perceber nu grupo de cães a existência de um maravilhoso convívio entre animais COM e SEM deficiência. Mostravam cães com 5 patas, com 3 patas, sem rabo, cego, e surdo convivendo com os demais de modo harmonioso. Já o ser humano, ao ver um cadeirante - de cara - o PREconceitua como incapaz e, fatalmente, o DISCRIMINA/REJEITA. Pior fica quando o próprio deficiente se auto-discrimina. É uma questão a ser trabalhada para ontem!

         Os Governos podem estabelecer políticas públicas para adoção deste tipo de MATERIAL PEDAGÓGICO. Através da convivência lúdica, com os brinquedos, a criança aprende a lidar com os DIFERENTES.

         Assim, ao chegar na sala de aula e se deparar com coleguinhas deficientes, a criança sem deficiência não irá manifestar constrangimento. De ângulo inverso, a criança com deficiência também não se sentiria excluída. Necessitamos nos misturar!

         Recentes fatos mostram que "BONECOS COM DEFICIÊNCIA" devem ser distribuídos na rede escolar como material pedagógico. Desde o maternal "BONECOS COM DEFICIÊNCIA" deverão interatuar com os baixinhos em seus mundinhos de faz de conta. Os "pequenos" hão de - naturalmente - perceber que todos os humanos têm a mesma essência, embora com estereótipos distintos. E muito mais! Hão que descobrir formas de ACESSIBILIDADE que tornem as oportunidades de brincadeiras IGUAIS. Hão que sentir que com as mesmas oportunidades no meio-ambiente INEXISTEM diferenças. Simples assim.

         Bullying de alunos tem a idade da humanidade. Rendemos graças ao Criador pela conscientização do tema agora pelos nossos Tribunais. Repetidas vêm sendo as decisões condenando colégios por todo o Brasil. No momento duro/cruel da cegueira - hora de profunda mudança de realidade - minha filha foi mais uma vítima do bullying. A razão? Pasmem! Por conta de BERE - minha bengala - que deixou minha filhota vulnerável a todo tipo de piadas e humilhações. "AMIGAS" que frequentavam a nossa casa desde o maternal foram as vilãs. Fomos isoladas ostensivamente.

         Ingenuamente apresentei esse projeto a uma das maiores indústrias de brinquedos do nosso Brasil. Ao chegar no setor de marketing me fizeram a seguinte pergunta: QUEM COMPRARIA UM BONECO COM DEFICIÊNCIA? Entendi o olhar industrial e parti para a sensibilização dos governantes, bem como da sociedade. Por tudo isso é que estamos agora trocando essas "figurinhas"!

         O projeto "BONECOS COM DEFICIÊNCIA", tenho a certeza, que influenciará na conscientização dos semelhantes rumo ao final do bullying. O que os leitores acham?

         "BONECOS COM DEFICIÊNCIA", sem sombra de dúvida, trará imensurável colaboração para propiciar um Planeta mais confortável para todos. Nascemos para ser FELIZES!

         Para o sucesso do projeto "BONECOS COM DEFICIÊNCIA" haverá que ser observado um conjunto de medidas saneadoras. Caso contrário permanecerá o corpo social infestado do mal da DISCRIMINAÇÃO. Assim, quase simultaneamente a distribuição dos kits "BONECOS COM DEFICIÊNCIA" nas redes de ensino pública e privada, também deverão ser apresentados filmes, cartazes, jogo virtual com todos os recursos de ACESSIBILIDADE), prospectos, palestras e eventos para que seja possível a inteiração com o grupo social.

     Sobretudo, "BONECOS COM DEFICIÊNCIA" é um projeto que TRANSCENDE credos, etnias, etc., vez ser HUMANITÁRIO. Cabe, pois, dentro do programa "VIVER SEM LIMITE", lançado no dia 17 de novembro pela presidente DILMA. Mas enviei, no início de seu mandato, essa ideia e NUNCA recebi resposta! Já vimos esse filme, né?

         O espírito do Natal deve ser vivido nos 365 dias de cada ano. Tolos dos que entendem que a felicidade pode ser encontrada puxando enormes e lindos laçarotes que fecham as aberturas de grandes caixas. Inexiste conteúdo que possa substituir um cheirinho no pescoço, o calor de um abraço, a ternura de um olhar num momento de desespero, o sorriso de um filho ... Lamentavelmente, ante a pobreza d'alma, o homem tem a necessidade de materializar tudo! E porque ainda estamos com os nossos espíritos nas trevas é que se faz cabível materializar a cidadania nos "BONECOS COM DEFICIÊNCIA".

         Presenteio a todos com o pensamento de Agatha Christie:
         * "Eu gosto de viver. Já me senti ferozmente, desesperadamente, agudamente feliz, dilacerada pelo sofrimento, mas através de tudo ainda sei, com absoluta certeza, que estar viva é sensacional."

ADEUS ANO VELHO/2011!

FELIZ ANO NOVO/2012!

TINTIM!!!

UM BRINDE A CULTURA DA COOPERAÇÃO.

DEBORAH PRATES