Enquanto feminista não posso deixar de externar a minha indignação
ao comportamento machista realizado pelo Sr. Bolsonaro a uma postagem de um de
seus seguidores nas redes sociais. O seguidor, lamentavelmente, faz uma
montagem usando duas fotos. Uma do Sr. Jair Bolsonaro com sua esposa bem mais
jovem e outra com o presidente da França com a respectiva esposa com idade bem
mais avançada. Como se a felicidade estivesse atrelada a idade das mulheres. Em
tom de gozação endossa esse contexto machista e sexista, o que é inconcebível a
um Chefe de Estado.
Vejam como é importante estudar gênero quando se
quer entender as desigualdades sociais. Hoje há uma consciência, pelo menos
para os estudiosos, de que o gênero estabelece as desigualdades e hierarquiza
pessoas. A cultura ocidental, ainda em 2019, valoriza o homem mais velho que se
une a uma mulher mais jovem. Aliás, quanto maior é a diferença mais aplausos
recebe. No contraponto, ridiculariza a mulher quando esta se une a um homem
mais jovem.
O Sr. Bolsonaro sentiu-se envaidecido ao ver
exposta a juventude de sua esposa como se fosse um troféu conquistado pelo
poder. Este sentimento é calcado no sistema patriarcal e no machismo estrutural
que nos é passado de geração em geração. O homem idoso se acha mais poderoso se
estiver ao lado de uma mulher mais jovem. Usa e abusa desse estereótipo jovial,
o qual atualiza as suas qualidades físicas e sexuais, de sorte a potencializar
a sua masculinidade até a morte.
Faz pouco tempo que as propagandas de carros
aconteciam com homens mais velhos dirigindo ao lado de mulheres jovens,
situação que lhes dava mais poder/prestígio social. A mulher e o carro novo
eram coisas e, como tais, podiam ser descartadas sempre que quisessem. A má
atitude do Sr. Bolsonaro é exatamente essa. Para ele a mulher não é um ser
humano e sim um objeto, cuja obsolescência pode ser programada com a maior
naturalidade. Assim, usa e descarta esses corpos porque entende que são
desprovidos de subjetividade.
Sem dúvida foi uma ofensa a todas as mulheres
indistintamente, já que as jovens de hoje serão as idosas de amanhã, caso não
sejam atropeladas precocemente pela morte. A Sra. Brigitte Macron é a
primeira-dama francesa e tem 24 anos a mais do que seu marido, Emanuel Macron.
Apenas por esse detalhe foi discriminada pelo representante do nosso Brasil, o
qual não reconhece os DIREITOS HUMANOS DAS MULHERES.
Esse panorama somente mudará se semearmos a
conscientização para posterior educação quanto a igualdade entre os gêneros. A
saída será via exercícios de acessibilidade atitudinal. De fato, necessitamos,
com a maior urgência, rever o nosso convívio social.