Descrição
da imagem para DV: Foto simbolizando o capitalismo selvagem. Em um fundo
branco, está uma algema conectando, à esquerda, uma nota de dólar e, à direita,
um braço de um executivo branco de terno preto. A chave da algema está
distante, em segundo plano.
A Rio de Janeiro sediou,
faz pouco, o planetário evento Rio +20, onde o tema central fora a
sustentabilidade em quase todas as suas nuanças. De fato falou-se muito pouco
sobre a sustentabilidade humana. Na época perguntei: HOMEM SUSTENTÁVEL, cadê
você?
O ecômetro não
funcionou! A sociedade não estava preparada para medir o tempo que decorreu
entre a emissão da minha voz e a recepção de seu eco.
Como gostamos da
"maquiagem verde" foi que a Agência Nacional de Telecomunicações
(Anatel), liberou, a contar do dia 16/5/2013, os empresários fabricantes de
aparelhos de telefones fixos a editarem os teclados como melhor lhes aprouver.
Permaneceu apenas o sucedimento dos numerais, como acontece nos quatro cantos
do Planeta.
Neste momento a disposição
dos números no teclado está a critério do fabricante que visa, tão-só, a
competição/lucro no mercado. Nem mesmo a proeminência no número 5, para
permitir que as pessoas deficientes visuais se localizem no dispositivo fora
mantido.
O leitor vidente talvez
indague: - Mas como era antes? Qual o problema de dar um dinamismo nas
engenhocas? Estamos cansados da mesmice! Nem temos mais o que comprar nos
shoppings!
Pois é, são por essas e
outras que me digo uma cega enxergante. Antes da cegueira (menos seis anos) não
tinha a sensibilidade que tenho atualmente. Situações como as que estou
relatando trarão aos deficientes visuais tremendo desconforto e consequente
humilhação.
Então pergunto ao leitor
amigo: você já havia percebido que na tecla do numeral 5 há um diminuto
pontinho em relevo? Ah! Pensou que fosse imperfeição do teclado? Já notaram
como os cegos têm facilidade na discagem? Possivelmente não.
Esse estado de torpor em
que os cérebros áridos estão mergulhados talvez seja o único álibi do corpo
social. Ora, se perdemos o raciocínio obviamente não temos noção do erro que
cometemos; não é assim? Julgo que também as mentes dos gestores estejam
entorpecidas pela cruel cultura da superficialidade. Nesse emaranhado cerebral
é que repito a velha máxima: Se nem temos consciência de que erramos, como
corrigir os desacertos? Complicado, hein?
E agora que o norte das
pessoas deficientes visuais se foi; como será? Antes o modo operacional trazia
as doze teclas - de zero a nove, asterisco e jogo da velha - de modo padrão.
Nesse formato retangular havia no número cinco o solidário relevo orientador.
Nossa, grande retrocesso! Tenho que admitir que o desânimo é flagrante. Um
passo para frente e dois para trás. Já imaginaram desenhos redondos para os
novos aparelhos?!
Flagrante a
invisibilidade das pessoas com deficiência para os olhos da coletividade. Nessa
certeza foi que tratei logo de iluminar com fortíssimos ledes a minha bengala
Berenice! Não sou boba nem nada! Nos poucos locais onde seja inconveniente a
permanência de Jimmy Prates, já estou visível! Berê tem capacidade de iluminar
um cômodo de 16 metros
quadrados .
"Tecnumanos"
são os seres da ANATEL que permitiram esse retorno a primitiva situação! O
estado de embriaguez genérica mostra a razão obscurecida, bem como o raciocínio
perturbado daqueles que aplicam um piso tátil que leva o cego de encontro com
paredes; dos que instalam um corrimão iniciando no 3º degrau, como está - faz
muito - nas escadarias da estação do Metropolitano/RJ "Largo do
Machado"; dos que fazem rampas com inclinação inadequada para outro
semelhante passar com sua cadeira de rodas ...
Inconversáveis,
selváticos e desumanos são os homens de negócios. Indubitavelmente o ter em
excesso prejudicou, em muito, o amadurecimento do SER. A selva de asfalto é o
que nos resta. Todavia, sem iguais oportunidades nessa guerra nojenta, como os
Grupos Sociais Vulneráveis poderão vencer/sobreviver? Não importa?!
De volta ao ponto de
partida. Nutro a esperança de ter transpirado o sentimento de pesar ante o
descalabro assinado pela ANATEL, com tanta intensidade que os amigos leitores
tenham sido inebriados. É que sentimento a gente não ensina por ser bem que
habita os porões dos nossos corações. Vamos agigantar a REDE DA SOLIDARIEDADE?
Que tal praticarmos exercício de ACESSIBILIDADE
ATITUDINAL?
Mudanças de hábitos são
lentas. Que tal se cada qual começasse por si? Contemplar as diversidades como
existem no nosso viver diário já seria um bom início. Xô cultura da superficialidade!
Sugestão? Claro. Não
comprem os novos aparelhos com as desbaratadas pulverizações dos numerais.
Protestem para que na tecla do número cinco permaneça o pingo saliente que em
nada atrapalha a quem enxerga, mas que faz toda a diferença para o que tem
dificuldade visual.
Criar embaraços aos
negócios ou interesses dos empresários é o sucesso da REDE DA SOLIDARIEDADE.
Trocando em miúdos, vamos boicotear na paz e no amor?
Carinhosamente
DEBORAH PRATES
Maquiagem verde, é um termo bem aplicado, para o que você descreve aqui. Parabéns pela matéria.
ResponderExcluirBons fluidos nessa segunda, amigo José Lopes! Bacana essa sua solidária inteiração. Grata. Creio nesse trabalho de formiguinha. carinhosamente Deborah Prates
ExcluirDeborah compartilhei no Facebook para que mais pessoas tenham conhecimento do absurdo, e, sim, eu sabia para que era o relevo no 5, pois me preocupo e muito com nossos irmãos e com a acessibilidade deles.
ResponderExcluirUm abraço
Angelica Trik (Rosa GT)
Boas energias amiga Angelica Trik! Você sempre tão gentil em suas inteirações. Muito obrigada pelo carinho habitual. Conte com a minha amizade. Carinhosamente Deborah Prates
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