ASSÉDIO SEXUAL CONTRA
MULHERES COM DEFICIÊNCIA
Foto de meio corpo de Rosa Fonseca (presidente da OAB/MULHER), sorrindo, de blusa de gola alta lilás e casaco roxo e ao lado foto em preto e branco de Deborah Prates agachada abraçando Jimmy Prates.
Calorosa fora a recepção ofertada pela Dra.
Rosa Maria de Souza Fonseca, presidente da COMISSÃO OAB-MULHER/RJ no evento
intitulado "Assédio Sexual nos Transportes Públicos e a Tutela Jurídica da
Dignidade Feminina", ocorrido na sede da OAB/RJ. Como de hábito, Jimmy Prates
- meu pessocão - roubou a cena, encantando a mulherada presente! Sem dúvida,
tema da maior relevância e que, por ainda ser visto como tabu, pouco se fala.
Foi
o máximo ter ouvido a palestra por um representante do sexo masculino, quem
seja o incrível Dr. Fábio Vanderley, advogado com ênfase em Direito Constitucional
e Administrativo discorrendo como os seus pares, em 2013, ainda veem as
mulheres como seres inferiores, atribuindo-lhes dons preponderantes aos serviços
domésticos e SEXUAIS. Homens que tratam a mulher como uma coisa e não como
sujeito de direitos de forma plena/igual, valendo dizer como um ser humano com
idêntica dignidade. Por sua vez, pela cultura desde o início da civilização, muitas
mulheres se revestem com o traje da inércia, da passividade e do silêncio/medo,
que as impedem de reagir à mínima agressão traduzida por um tom de voz mais
elevada.
Concordei
plenamente com o Dr. Fábio Wanderley quanto aos comentários que fez
relativamente ao chamado "vagão rosa" do Metrô da RJ. Entendo não se
tratar, nem de longe, de segregação que vulnere ainda mais as mulheres como
querem afirmar algumas feministas. Enquanto mulher, gostei da ideia do
"vagão rosa", muito embora continue a usar qualquer um mesmo nos horários
de pico, justamente por entender cuidar-se de uma opção - um plus
afirmativo/positivo - e não de obrigatoriedade.
Julgo
ter sido a primeira etapa para a mudança dos maus hábitos masculinos, já que
servem de um alerta para dizer: - Não estamos gostando dessas atitudes
insanas"! Agora é preciso, com a maior urgência, implementar a segunda
parte/etapa da reforma comportamental, traduzida em CAMPANHAS que exercitem a ACESSIBILIDADE ATITUDINAL, tanto por
parte dos governos, quanto pela sociedade civil/privada. Como assim? Simples;
usando as mídias em
geral. Pequenos vídeos/falas que traduzam ser a mulher
sujeito de idênticos direitos e obrigações, sendo senhora de si e de seu corpo,
independente da roupa que esteja usando. Homens hão que respeitá-las quer
estejam de burca, quer de topless. Aliás, se homens estiverem nus pelas ruas,
penso que as mulheres poderão chegar ao máximo de demonstrarem espanto.
Contudo, não chegarão ao cúmulo de agredi-los por sentirem-se atraídas sexualmente.
É mesmo cultural.
A
despeito de ter apreciado muito a palestra do Dr. Fábio Wanderley, não poderia
deixar de salientar que sobre assédio contra mulheres COM DEFICIÊNCIA
absolutamente nada fora dito. Prova de que permanecemos invisíveis aos olhos da
sociedade! Cruel, porém real. Não obstante da triste conclusão, não acredito
seja por maldade, mas - tão-só - pelo olhar assistencialista que a sociedade
insiste em nutrir por nós no ano de 2013! Pelo esquecimento é que cumpre-me
explicitar o tema como se segue.
As
mulheres com deficiência são bem mais sujeitas aos assédios sexuais nos
transportes que as sem deficiência. A razão é óbvia! É que mais fácil perpetrar
a covardia com quem não pode correr (deficientes físicas), com quem não pode
gritar (surdas), com quem não pode se situar (cegas), com quem não pode
entender a situação (deficientes intelectuais)...
Aproposito,
estende-se tais desumanidades contra mulheres deficientes em tantos outros maus
tratos vindos da própria família e pessoas conhecidas que as cercam. Não são
histórias de livros mulheres deficientes ficarem grávidas dos pais,
irmãos...nem de serem molestadas/agredidas em períodos de gravidezes.
Se
mulheres sem deficiência não vão registrar agressões junto as autoridades, muito
menos e com mais argumentos as COM deficiência deixam de exercer seus direitos.
No Brasil, sobre gestações indesejáveis em mulheres com deficiência, só se
encontram relatos por volta de 2003, pelo que raros são os casos comentados.
Essas
mulheres, em regra, iniciam os cuidados pré-natais mais tardiamente, o que as
deixam mais suscetíveis a gestarem fetos mais fragilizados, a sofrerem abortos
e a darem à luz a natimortos.
Como
de hábito, repito ser a ACESSIBILIDADE ATITUDINAL a chave do sucesso para um
Brasil mais equânime. Assim, nas campanhas que sugeri acima, sem dúvida deverão
estar as mulheres COM deficiência misturadas com as sem deficiência.
Claro
que na oportunidade de inteiração lá estava eu com os braços erguidos a espera
do microfone, que não tardou a chegar! Teci muitas das considerações agora
trocadas com os amigos. Não tenho a segurança para dizer que fui totalmente
absorvida; não importa esse detalhe. Relevante somente é que semeei boas
sementes, as quais pretendo ver florescer em breve.
Após
a minha fala tive a felicidade de ouvir da nossa presidente que Jimmy Prates e
eu éramos os mais novos integrantes da OAB-MULHER/RJ. Quanta emoção! Incluir é
processo complexo porque está intrinsecamente atrelado a alma. De um lado
estava a Dra. Rosa Fonseca que, com sua sensibilidade, pôde enxergar o quão
benéfico/salutar é o convívio com as diversidades. Doutro lado estava eu na
beiradinha da tigela da massa do bolo a espera só de um empurrãzinho para ser
misturada/incluída. (http://deborahpratesinclui.blogspot.com.br/2013/03/bolo-sem-glace.html)
Confesso
que sair da zona de conforto significa vencer o medo e se atirar contra os
leões. Mais fácil é a pessoa com deficiência preferir estar reunida com seus
pares, já que na mesma realidade. Mas navegar é preciso! Tem navios que ficam
uma vida inteira dando voltas e mais voltas em torno do cais, com medo de
zarpar e pegar ventos fortes. A gente não deve aceitar isso, pois significa
concordar em ser menos do que pode ser. Todo dia é dia de evolução e
aprendizado... Não existe navio que não tenha passado por tempestades e muitos
afundam por não saberem evitá-las, por falta de comunicação ou por acharem que
não precisam dos outros...
Carinhosamente.
DEBORAH PRATES e JIMMY PRATES.
Débora mais uma vez parabenizo-a pela garra, preocupação permanente de inclusão, não só sua mas de todos. Além do que o tema é bastante pertinente. Fiquem com Deus - você e Jimmy. Faltam 1000 dias para a Olimpíada de 2016. O que ficará de legado depois de 2014 e 2016. bjs Fábio Guimarães - Não sou cadeirante mas....e se fosse?
ResponderExcluirQueridíssimo amigo Fábio, saudades de um bom papo com você! Grata pelo carinho habitual em um tema tão indigesto quanto o abordado na crônica. Pois é, tenho para mim que praticamente nenhum legado nos será deixado após os jogos. Depois da insensibilidade que você acompanhou no Rock in Rio, o que mais esperar? Por outro lado, navegar é preciso. Vamos em frente sem esmorecer. Carinhosamente Deborah Prates
ExcluirOi Débora...vou fazer uma " correção" se assim me dá o direito...sou surda...e posso gritar quando eu quiser rsrsrr....acho que colocou a pessoa surda como muda...o que não é realidade...todo surdo emite som...ao menos que seja mudo como falei...quanto a possibilidade do surdo passar maior sufoco nesta situação...falando de minha parte...acredito que seria ...pelo fato de não entender o que o abusador esta falando...mas quem não ouve tem uma percepção visual muito grande...eu nunca passei por nada...e desejo boa sorte a todas as mulheres deficientes...realmente são mais fáceis de ser abordada e abusada...grande abraço e sucesso no nosso caminhar!!
ResponderExcluirQuerida amiga, grata por sua interação. Certo é que as mulheres surdas, embora muitas (como você) consigam se manifestar, não têm o poder de chamar atenção pela voz como as mulheres que não são surdas. Isso é um fato entre a grande maioria das mulheres surdas. Carinhosamente Deborah Prates
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