sábado, 5 de março de 2016

Ser Timão e Timoneira



Ser Timão e Timoneira




Descrição da imagem para deficientes visuais: desenho de uma mulher negra, de cabelos curtos e lisos, fazendo com a mão esquerda o sinal de compreendido (mão na testa) e com a mão direita segurando o timão do navio. Ela está de blusa de manga comprida rosa e ao fundo vê-se o mar e um céu alaranjado. Figura que bem ilustra a crônica de Deborah Prates para o mês das mulheres de 2016. 



            As distinções entre gêneros, sem dúvida, começam em casa. Assim, a diferença doméstica é um ponto crucial a ser enfrentado pela sociedade de 2016. Óbvio que as crianças aprendem o perverso patriarcado com seus pais.




            Fico a refletir que as mulheres - as vítimas do machismo - vivem num verdadeiro redemoinho, sem se darem conta desse "não sair do lugar". O exemplo passado pelos pais aos filhos em sucessivas gerações vai dando conta aos pequenos de que as diferenças entre homens e mulheres tem origem em casa.




            Fiz uma rápida pesquisa nas famílias ao meu redor e, sem dificuldade alguma, colhi o triste resultado de que em março de 2016: o pai e a mãe, de comum acordo, dividem os trabalhos domésticos pelo gênero; aos homens incumbem os reparos em geral, o zelo com o carro, e jogar bola com o filho; às mulheres ficam com a limpeza da casa, o preparo dos alimentos, o trato das roupas e o ensino da filha à obediência ao machismo. Comum é ouvir as mães dizerem aos filhos: - Quando seu pai chegar eu vou contar a sua má-criação de hoje! você vai ver só!




            Assim, vamos imortalizando o patriarcado que nos assola desde o início da civilização.




            A história conta que as mulheres sempre estiveram aptas para cuidar do interior da casa, da cria e dos animais, ou seja, da vida privada. Quando muito, tinham o direito de se regozijarem com a música. No contraponto, os homens sempre conduziram a vida da porta para fora, ou melhor, a vida pública. Sempre estiveram na condução das ideias, do pensamento. Urge acelerarmos essa mudança de hábitos com simples exercícios de acessibilidade atitudinal.




            Mulher tem que ser timão e timoneira, pensar por conta própria, assumindo seus erros e acertos. Certo é que só erram aquelas que tiveram a coragem de ousar, de navegar pelos oceanos da vida sem medo de pegar ventos fortes ou tempestades. Não podemos mais ter como verdade tudo quanto mentes conservadoras nos ditaram como certo.




            Necessitamos rever a história para concluir que: a cor rosa tanto pode ser usada por meninas, quanto por meninos, assim como a cor azul deve perder o maldito rótulo comparativo; meninos e meninas podem brincar com caminhõezinhos e com bonecas sem serem taxados disso ou daquilo; a casa é um condomínio, no qual todos que nela habitam têm iguais direitos e obrigações, pelo que mãe e filha, num determinado domingo, também podem ficar "sofazando", enquanto o pai e o filho cuidam do almoço e posterior arrumação da bagunça...




            Nossas cacholas hão que ser nossas bússolas intelectuais. Temos que ter a certeza dos nossos destinos. Isso equivale dizer, pensar com as próprias cabeças. Urgente se faz dizermos NÃO a violência contra os nossos direitos humanos. Necessário impormos, a todo custo, as nossas liberdades em geral, tanto no espaço do lar, quanto nos coletivos. O nosso corpo é só nosso!




Por isso é que sugiro começarmos a combater as desigualdades domésticas. Na medida em que as crianças perceberem que não há diferença entre o pai, homem, e a mãe, mulher, tudo ficará mais fácil.  Os filhos não mais assistirão os pais espancando as mães, nem as humilhando, nem as assassinando. As diversidades serão melhor recepcionadas com a igualdade na casa.




            Com a educação calcada na isonomia as deficiências serão melhor recepcionadas. Eis a importância do movimento feminista na mudança da sociedade.




            Agradeço todos os dias as tantas mulheres de outrora que, muitas vezes, deram as próprias vidas para que hoje pudéssemos questionar a desigualdade econômica-financeira decorrente de gênero. Sem dúvida alguma, estamos avançando.




                        Viva a resistência, o feminismo!



                                      Deborah Prates

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