sábado, 11 de agosto de 2018

Dia da Advocacia


Neste dia 11/08, venho externar a minha honra em ser advogada. Lutei a vida toda para cursar direito em uma época em que a sociedade entendia que era uma profissão somente para homens.

Venci esse obstáculo com muita luta e alegria. Contudo, a vida me pregou uma peça e eu fiquei cega de ambos os olhos faz quase 12 anos. Até aí, "tudo bem". Ocorre que em 18/12/2013 o CNJ, através da Resolução 185, ordenou que o diálogo com o Poder Judiciário só poderia ser feito por meio do sistema PJe - Processo Judicial eletrônico.

Por uma inenarrável desumanidade o PJe foi construído sem as normas de acessibilidade previstas no Consórcio W3C. Isso quer dizer que, por não existir conteúdo codificado, os leitores de tela das advogadas e advogados cegos nada lêem. Assim, o Conselho Nacional de Justiça baniu esse grupo de profissionais da advocacia, já que não têm mais independência e autonomia para o exercício da profissão.

Para que eu possa enviar as minhas petições através do PJe eu preciso pedir auxílio técnico presencial e estou sujeita aos horários de atendimento dos lugares que disponibilizam esse serviço.

A discriminação no trato com advogadas e advogados cegos pode ser avaliada na comodidade com que os profissionais SEM deficiência podem exercer o seu trabalho. Por exemplo, uma advogada sem deficiência pode enviar as suas petições no conforto de seu escritório ou lar até às 23:59h, enquanto que eu sou obrigada a ir caindo pelos buracos nas calçadas (no RJ não há mobilidade urbana) para estar em locais que prestam assistência caritativa até às 17:30h.


Feliz dia da advocacia para todas, todos e todes.


A OAB que eu preciso promove a 

inclusão. #vaimarcello!

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