quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Campanha Acessibilidade Atitudinal - vídeo 11 - dia das crianças 2016

Bonecos com deficiência para o dia das crianças


Nesse dia das crianças, você daria um boneco com 

deficiência para uma criança de suas relações?


sábado, 1 de outubro de 2016

Palestra no Teatro dos Sentidos

Na noite de 30/09/2016, tive a honra de fazer uma palestra no teatro Maria Clara Machado (Planetário/RJ), após a exibição da peça "Feliz Ano Novo", apresentada pelo Teatro dos Sentidos, da pensadora Paula Wenke.

Fiquei muito feliz ao sentir que na plateia havia pessoas conscientes aguardando a minha fala sobre a acessibilidade atitudinal. Então, mostrei a importância do trabalho de Paula Wenke na minimização do preconceito em relação às pessoas com deficiência. Como todo preconceito, está introjetado na mente dos humanos e, portanto, visto com a maior naturalidade. Verdadeiramente, o preconceito está institucionalizado, pelo que explicado fica a nossa invisibilidade social.

Através do Teatro dos Sentidos, no qual os espectadores são convidados a vendarem os olhos e curtirem a peça com apenas os sentidos remanescentes. Durante o espetáculo, as pessoas têm a oportunidade de, enquanto curtem a peça, também olhar para dentro de si e se encontrarem com os ogros e fantasmas que habitam a todos nós.


Ao término do espetáculo, ao retirarem as vendas, muitos estão prontos para olhar para fora e encontrar a alteridade. Daí o terreno fica fértil para sermos vistos. Foi uma experiência maravilhosa! as fotos mostram a magia do momento.






Descrição das fotos para deficientes visuais:
1 - Deborah Prates, sentada numa cedeira preta, com um microfone na mão, calça preta, casaco verde e uma rosa vermelha no cabelo.
2 - A rosa vermelha, de perto
3 - Deborah ainda palestrando, dessa vez com o foco da câmera no lado direito
4 - Uma parte da plateia, de perto, ouvindo Deborah Prates. Há 145 pessoas na foto, todas com uma rosas vermelha na mão (parte do espetáculo).

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

O IAB abraça a causa das pessoas com deficiência

Queridos amigos, na quarta-feira 21/09/2016, fiz uma manifestação no IAB pedindo à sociedade que refletisse sobre a luta das pessoas com deficiência. Após a minha fala, alguns colegas também ocuparam a tribuna e fiquei muito emocionada ao ouvir sucessivos pedidos de desculpas à todas as pessoas com deficiência em decorrência da invisibilidade social a que somos submetidos diariamente.
Nossa, foi lindo perceber que ainda dá para desconstruir a cultura do preconceito! Como diz a minha querida amiga Maíra Fernandes, avante! Agradeço ao IAB pela maravilhosa acolhida a nossa causa.


"
No Dia Nacional de Luta das Pessoas Deficientes, a consócia Débora Prates, primeira advogada com deficiência visual a se tornar membro do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), assumiu a tribuna na sessão ordinária desta quarta-feira (21/9) e defendeu que a entidade seja atuante nas questões relacionadas à inclusão social. Em seguida, o presidente nacional do IAB, Técio Lins e Silva, acolheu a sugestão feita pelo 3º vice-presidente, Sergio Tostes, de que a entidade crie a Comissão de Inclusão Social destinada a estudar, discutir e apresentar propostas jurídicas relacionadas aos interesses e direitos das pessoas deficientes. Técio Lins e Silva informou que irá submeter a sugestão à Diretoria, para definição da melhor forma de atender ao pleito." (Retirado de IAB Nacional)







domingo, 11 de setembro de 2016

Mulheres da Epidema - Campanha da Anis

Deborah Prates: Penso que os direitos fundamentais das mulheres têm que ser efetivados pelo poder público. Como feminista e mulher com deficiência, luto pelas transformações sociais para todos. Convido a todos para se envolverem nessa contundente campanha da Anis que, de uma fora ou de outra, afeta a todos no planeta, em especial os brasileiros. Peço a reflexão de todos para que os diálogos possam acontecer.


Página da Anis - Instituto de Bioética

"Na crise de saúde pública do vírus zika, falamos muito do mosquito, mas ouvimos pouco as mulheres. Se desenvolver estratégias para eliminar o Aedes aegypti ou para encontrar vacina para o zika são importantes, cuidar das mulheres já afetadas pela epidemia e das crianças nascidas com a síndrome congênita é urgente. São mulheres em idade reprodutiva que temem a epidemia de efeitos devastadores e ainda pouco compreendidos, desamparadas pelo baixo acesso a políticas de planejamento familiar e contraceptivos. São mulheres grávidas que sofrem com as incertezas dos efeitos do vírus, sem direito à possibilidade de escolher se querem ou não prosseguir com a gestação. São mulheres mães que enfrentam sozinhas o desafio de cuidar de seus filhos afetados por uma síndrome que a ciência ainda não sabe explicar que futuro terá. O Estado brasileiro se esquece, mas são as mulheres que devem ser ouvidas quando o assunto é zika: as mulheres da epidemia.


Deborah Prates é advogada e cega, e em sua incansável militância pela defesa dos direitos das mulheres e das pessoas com deficiência, não deixa de refletir e se pronunciar sobre as proteções devidas diante da epidemia do vírus zika. Ela sustenta que não há incompatibilidade entre a proteção aos direitos reprodutivos das mulheres e a proteção às crianças com deficiência: "Para mim, são dois assuntos absolutamente distintos. O primeiro diz respeito à união das mulheres para usufruírem, para terem resguardados e efetivados o seu direito fundamental à liberdade, ao seu próprio corpo. O segundo é o cumprimento da legislação das PCDs (pessoas com deficiência), leis que nunca foram cumpridas. Inclusive, por incrível que pareça, pelo Supremo Tribunal Federal". Confira:"

domingo, 21 de agosto de 2016

A mulher não está homenageada nas ruas


Descrição da imagem para deficientes visuais: placa da cidade do Rio de Janeiro azul com o rodapé branco. Está escrito: Rua Abrahão Jabour. 1884-1980. Criador da Cidade dos Velhinhos. 22783-135. Recreio dos Bandeirantes.



       Num certo dia um motorista ao me conduzir ao endereço combinado o fez com o auxílio de um GPS. Então, fui prestando atenção nos nomes das ruas que o aplicativo ia falando. Chamou-me a atenção o fato de não ter ouvido nenhum nome de mulher nas ruas anunciadas.


       Espantada com o óbvio travei um pequeno diálogo com o motorista:

       - O senhor costuma ouvir nomes de mulheres nas ruas e praças nos trajetos que faz?

       - A senhora sabe que nunca parei para pensar sobre isso! Mas agora, pensando bem, acho que não. Mas, por que a pergunta?

       - Talvez porque seja feminista. De repente me veio esse questionamento.

       Na privacidade das minhas reflexões fiquei a lembrar dos nomes das ruas no bairro onde moro e nos vizinhos. Inacreditavelmente não recordei nenhuma rua com nome de mulher. Chegando em casa fui pesquisar e confirmei a inexistência de qualquer homenagem a uma personagem mulher traduzida em uma placa de rua no entorno da minha residência.

       Detectei algumas poucas em outras localidades. Nossa, uma migalhice comparando-se as homenagens concedidas aos homens. De longe podemos entender essa constatação como algo banal. Ao contrário, as mulheres precisam estar mais unidas para que o movimento feminista tome corpo. Vale dizer que necessitamos estar mais nas ruas. Ocupar, de verdade, os espaços públicos e privados que também são nossos por humanidade e competência.

       Claro que essa observação deve-se ao patriarcado que nos assola desde sempre. É que o homem reduziu a mulher a uma coisa dando-lhe um significado puramente material. Verdadeiramente a mulher ainda é vista como um ser insignificante, secundário. A lógica é que, como uma coisa, não pode ser alçada a um personagem capaz de receber uma homenagem revelada num nome de rua, monumento, praça, etc. Incontestável é que a exceção  serve para confirmar a regra de que a igualdade de gênero ainda é incipiente.

       Para o pensador grego Aristóteles os homens eram seres pensantes, pelo que decidiam avida na pólis. Iam às ruas fazer política. Já as mulheres eram seres secundários, não pensantes, razão porque tinham os seus lugares da porta para dentro, melhor dizendo, confinadas nos lares. Por não serem essenciais é que serviam para procriar e criar os filhos, bem como cuidar dos escravos e animais.

       Lamentavelmente essa ideia ainda está entre nós em 2016, pelo que carecemos refletir, conversar sobre esse sutil detalhe. Faz pouco tempo que a grande mídia noticiou uma matéria dando ênfase a uma mulher de "sorte", anunciando-a como bela, recatada e do lar. Por estarmos mais zelosas e reflexivas foi que demos o troco nas redes sociais com muita veemência, de modo a abominar e rechaçar os predicados enfatizados na machista notícia.

       Notadamente não queremos mais estar confinadas nos domicílios, tampouco nos importa a beleza, o recato e o abominável título de a rainha do lar. Hoje queremos ser vistas e julgadas pela nossa competência em todas as áreas do conhecimento. Isso sim!

       A partir destas ponderações, se faz prudente pensar: e as mulheres com deficiência? Representando esse seguimento afirmo que não encontrei qualquer placa de rua homenageando uma mulher com deficiência.

       Claro que temos muitas de nós que lutaram bravamente, por exemplo, pela aprovação da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, a fim de que tivesse status de Emenda Constitucional e tiveram sucesso nessa empreitada desgastante. Por que não estão homenageadas nas ruas? Existem muitas outras que se destacaram na nossa luta pela igualdade e que estão no esquecimento nessa nossa sociedade tão preconceituosa. Notório que as mulheres com deficiência ainda estão em fase gestacional. Precisamos nascer!

       Tenho participado de muitas conversas em praças públicas na RJ e, com segurança, digo que tenho sido a única mulher com deficiência. Sempre peço a palavra e, ao usar o microfone, faço essa checagem. Pena mesmo!


       Gritar, demandar, reclamar e estar nas ruas é o que temos a fazer, a fim de conquistar o nosso lugar dentro do movimento feminista.

             SORORIDADE é a palavra mágica da hora. Mulheres com e sem deficiência precisam se unir para o fortalecimento do direito de igualdade de gênero. Mas, como conseguir essa visibilidade?

       Indubitavelmente a resposta está nos valores e princípios éticos. O que as mulheres estão fazendo umas com as outras? Nítido que essa convivência vai muito mal! Tanto é assim que não somos chamadas para as rodas de conversas sobre as pautas de nosso interesse.

       As mulheres sem deficiência precisam encontrar a si próprias para que enxerguem as mulheres com deficiência como iguais. Estas têm que reconhecer que não somos quase alguém. Somos sim mulheres de direito e obrigações tanto quanto elas. Daí, ficará fácil encontrarem à alteridade.

       Creio que a pior cega é a que não quer ver, não é mesmo?


       Pensar, pensar, pensar...

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Mulher com deficiência na roda de conversa feminista na praça São Salvador

Na noite de 11/08/2016, compareci a um interessante evento promovido por mulheres, intitulado "Conversa na Praça: Mulher e Cidade". Tive a oportunidade de pugnar pela presença do segmento das mulheres com deficiência, já que esquecido pela sociedade. Frisei que a sororidade seletiva é uma tremenda contradição, pelo que as mulheres com e sem deficiência precisam estar unidas para que o movimento feminista ganhe força no enfrentamento do patriarcado. A ideia foi muito bem recepcionada por todas e todos presentes.









Descrição das fotos para deficientes visuais:


1) Deborah Prates de costas, no canto direito da imagem, falando ao microfone para várias pessoas (mais ou menos 30 que aparecem na foto). As pessoas estão em pé ou sentadas em cangas e ao fundo vê-se frondosas árvores.

2) Deborah Prates de perfil falando ao microfone. Usa óculos escuros, um moletom azul marinho e calças jeans claras.

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Portugal deu um exemplo de acessibilidade atitudinal


Bons ventos nos levaram à Portugal nesse sábado olímpico!


A bordo do navio Sagres, de bandeira portuguesa, e com grande honra, anuncio a prática de maravilhosos exercícios de acessibilidade atitudinal por parte da tripulação. A pessoa com deficiência teve um tratamento proporcional a sua diferença.


Durante toda a visita fomos guiadas pelo solidário Cadete Raposo que, pacientemente, nos mostrou todos os 80m da embarcação. O navio, de 1937, não foi construído com qualquer critério de acessibilidade. No entanto, a vontade de incluir foi de tal ordem que conseguimos romper as barreiras físicas.


Eis um bom exemplo de como a solidariedade pode vencer infinitos obstáculos. Obrigada Casa de Portugal dos jogos olímpicos Rio 2016. O navio está atracado no 1º Distrito Naval, na praça Mauá.











Descrição das fotos para deficientes visuais, em ordem:

1) Deborah Prates em pé e sorrindo, está segurando a corda do sino do navio. Sino que anuncia os bons presságios para as mudanças atitudinais

2) Deborah segura a bússula do navio. É uma estrutura metálica dourada, de haste circular. Que nós, feministas, consigamos encontrar a direção da igualdade.

3) Deborah e Cadete Raposo, um ao lado do outro, e na frente de ambos está o leme do navio de madeira. Atrás, bandeirinhas coloridas diversas e um céu azul. 

4) Deborah encostando no joelho da estátua do Infante Dom Henrique. A estátua é pequena e está sobre uma estante de madeira, localizada no interior da embarcação.

5) Deborah e sua filha uma de cada lado do leme de madeira.

6) Deborah em primeiro plano e atrás toda a embarcação, vista de longe.