ESTAÇÃO LARGO DO MACHADO
Descrição da
foto em preto e branco para deficientes visuais: Deborah Prates abaixada com os
joelhos flexionados, sorrindo, de óculos escuros, com uma pena na cabeça, e abraçando o pescoço de Jimmy Prates, que está
em pé com a boca aberta. No fundo encontram-se algumas palmeiras e outras árvores.
Lago do Suruí
foi o primeiro nome do atual Largo do Machado/RJ. Pois é, da paisagem natural
para a construída em 2012, sob o aspecto acessibilidade praticamente coincidem
as situações.
Alexandre Graham Bell, perto de 1922,
dizia: "Nunca ande pelo caminho traçado,
pois ele conduz somente até onde os outros foram."
Desembarquei na estação Largo do Machado
- Metrô/RJ - peguei o elevador e saí já na grande praça que, ao contrário da
Castro Alves, NÃO é do Povo Carioca.
Comandei Jimmy Prates para que
encontrasse uma rampa, vez ter conhecimento do local antes da cegueira. Fácil!
No entretanto, para um cego bengalante seria procurar uma agulha num palheiro,
já que inexiste piso tátil. Para pessoa surda, ainda com seus olhos, precisaria
abordar um semelhante para direcionar-se, também por inexistir qualquer sinalização/programação
visual. Para os deficientes físicos até que ameaçaram fazer ALGUMA
acessibilidade através das rampas tímidas. Muito distantes das determinadas na
legislação para suas construções. Tudo inadequado.
Do marco da minha cegueira para cá - 6
anos - fiquei vigilante no quesito ACESSIBILIDADE. Daí foi que,
verdadeiramente, notei como a sociedade não enxerga as pessoas com deficiência,
bem como todos os humanos que passam por limitações temporárias e idosos.
É o Grupo Social NÃO vulnerável
constituído de maus corações? Nesse momento concluo que longe desse péssimo
predicado. Você há de perguntar: Então, qual a razão de tanto descaso com os seguimentos
vulneráveis? Resposta corriqueira! Precisamos despertar e mudar nossos MAUS hábitos.
Trocando em miúdos, implementar a ACESSIBILIDADE ATITUDINAL JÁ! Esse Grupo
Social, hoje invisível aos olhos da coletividade, precisa despertar e fazer-se
visível! Essa crônica tem tal propósito.
Vamos todos na carona de Jimmy fazer um
"tour" pela importante praça da RJ que fica num platô. O espaço é
rodeado de ruas, sendo uma exclusiva para estacionamento e pedestres. Num giro
encontramos a Igreja Nossa Senhora da Glória, construída em 1843. Noutro giro
temos o famoso cine São Luiz inaugurado em 1937. No entorno há farto e diversificado
comércio que atende de modo razoável a população.
Ficaremos no elevado da praça, onde há
jardins, bancos contemplativos, mesas com quatro cadeiras para jogos de salão, chafariz,
quiosques vendendo plantas, artesãos, academia de ginástica ao ar livre e estação
do metropolitano com elevador em anexo fora do acesso principal. Notaram como o
cego só não vê?
Agora vamos malhar na academia do Povo,
obra da ATUAL ADMINISTRAÇÃO. Dizem que fora pensado para os IDOSOS. Mas,
nessa boa ideia inexistiriam IDOSOS DEFICIENTES? E os IDOSOS com limitações físicas
também não são encontrados na coletividade?
Porque esses questionamentos? Porquanto
ausente a ACESSIBILIDADE FÍSICA no local. Nenhum aparelho visando as
necessidades do cadeirante. Conhecidas as engenhocas que lhes melhoram até o músculo
do coração, contudo não há. Ainda que uma pessoa em cadeira de rodas quisesse se
aventurar em qualquer aparelho não conseguiria por faltar acessibilidade.
Por serem imperceptíveis as deficiências
sensoriais e intelectuais foi que o criador dessa ideia ignorou pisos táteis
direcionando a chegada aos aparelhos, escritas em braile dando explicações
quanto aos respectivos usos, bem como quaisquer informações visuais destinadas
as orientações das pessoas surdas e com dificuldades cognitivas. Nada de nada!
Deu para perceber que as pessoas com deficiência estão integradas, porém, não
incluídas?
A diferença entre integrar e incluir?
Basta dizer que INCLUIR É PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE SOCIEDADE IGUAL. Agora, com
um ínfimo exercício mental o amigo leitor pode tirar suas conclusões, né?
Que Patrimônio Cultural da Humanidade é
a Rio de Janeiro, hein?
Mais uma vez, os olhos do atual Sr.
Gestor enxergou, de forma precária, apenas a deficiência física no restante do
espaço, tendo em vista o mal posicionamento das rampas, mal dimensionadas e com
defeitos de execução, especialmente se pensarmos o Largo do Machado com os equipamentos
em seu entorno. Tem toda razão o meu querido amigo arquiteto "LUIS
FERNANDO", quando defende veementemente que rampas e pisos táteis deveriam
ser INDUSTRIALIZADOS. Vejam que cada empreiteira constrói a acessibilidade
física a seu bel prazer. Falta comando ético, não acham?
Destaco que as pedras portuguesas que
recobrem o local estão irregulares e esburacadas, valendo dizer detonadoras das
cadeiras de rodas e das pontas das bengalas dos cegos!
Afirmo que noutra praça bem perto e
notável, de nome José de Alencar a situação é igualzinha! Constrangedor, nossa!
A humanidade precisa se lembrar que tem
origem no HUMANO! A situação descrita é a mesma em todo Brasil. Apenas
é diferente o endereço!
O Capítulo IV, da Carta Cidadã dá os
comandos quanto aos MUNICÍPIOS, deixando inequívocos os atos do prefeito e
vereadores. Fica a indagação: Os Srs. Vereadores não transitam pela cidade? Então,
não enxergam, nem fiscalizam as obras públicas? E os atos do Sr. Prefeito não
podem ser questionados? O que fazem?
Gosto que me enrosco das palavras
CASTELO e PRAÇA. Termino essa singela crônica deixando que os amigos reflitam
sobre a ideia: O CASTELO (gestor) que se cuide, já que não sobreviverá sem a
PRAÇA (povo). Cariocas, mais responsabilidade no próximo outubro eleitoral.
Carinhosamente.
DEBORAH PRATES + JIMMY PRATES
Minha amiga de olhos de lince... enxerga muito mais do que muita gente que pode ver e fazer a diferença com o seu poder, mas onde está o PODER que não nos VÊ, amiga? Todos os seus comentários são pertinentes, principalmente agora neste momento que nos chama à reflexão.. É urgente que haja uma mudança radical no nosso modo de escolher...PRECISAMOS NOS IMPOR E FAZER VALER A CONSTITUIÇÃO NOS NOSSOS DIREITOS.A HORA É AGORA E DELA DEPENDERÁ NOSSO DIREITO DE IR E VIR... Adoro o que vc você escreve pois como usuária da cidade nos mostra e PODERÁ mudar o rumo deste nosso destino até aqui ... para todos... ESCURO E INCERTO se podemos ir e voltar com SEGURANÇA... BJS PRA VOCÊ E PARA MEU AUMIGO JIMMY...
ResponderExcluirQuerida amiga Beth, adorei como sempre a sua incentivadoras palavras. O momento é difícil, dura batalha, porém - brevemente - estaremos na calçada abordo do nosso tapete vermelho em nosso sofá GRITANDO PELA ACESSIBILIDADE. Carinhosamente Deborah Prates
Excluir