CÉREBROS ENSACADOS!
Descrição da imagem para DV’s:
Do lado esquerdo está o contorno em preto no fundo branco de um saco plástico.
Do lado direito está um saco de papel pardo vazio. Entre os dois estão as letras
“V” e “S”, que significa versus, representando a busca pelo homem sustentável = acessibilidade atitudinal.
No supermercado,
fazendo as compras do mês, certifiquei-me que muitos dos produtos que consumo
estão de cara nova; melhor dizendo, embalagens substituídas.
O sabão em pó que
vinha em caixa de papelão, agora está acondicionado em sacos plásticos. Um
inferno para manuseio! O pior é que instalei na parede uma prateleira quase com
as dimensões da caixa padrão do sabão, a qual não agasalha confortavelmente o
saco disforme. E as mães dos empresários selvagens sofrem!
Daí passei a notar
que outras embalagens seguiram idêntica sorte. Tem sachês para todo gosto!
Molhos de tomate, amaciantes para roupas, maioneses, requeijões, patês ...
Inacreditável como os eleitos nos anestesiam com tantas atitudes suicidas! Na
teoria os governantes estão aí para cuidar dos interesses das pessoas e para as
pessoas. E por que permitimos que permaneçam zelando - tão-só - dos seus interesses
privados? Você já percebeu esse detalhe?
Faz pouco que
assistimos a guerra sacos plásticos X sacolas recicláveis. As Casas
legislativas pararam para discutir de quem seria a competência para proibir as
sacolas plásticas; humanos brigavam uns com os outros defendendo menos conforto
e mais proteção ao planeta; escolas exercitavam seus alunos para, no sentido
inverso, convencerem os pais a abandonarem sacos plásticos; cartazes foram
levantados com dizeres ABAIXO SACOS PLÁSTICOS, e muito mais. Engraçado foi como
eu embarquei nessa história da Carochinha. Daí foi que, ao me deparar com os
sacos do meu sabão em pó, foi que lembrei da velha máxima: DE BOAS INTENÇÕES O INFERNO
ESTÁ CHEIO!
Ué, mas onde estão
aquelas lideranças que defendiam o FIM das sacolas plásticas? Onde se encontram
os salvadores do planeta? Verdadeiramente somos TECNUMANOS, consumidores
frenéticos idolatrando a cultura da superficialidade.
Nessa vidinha sem
propósito, onde existem apenas três verbos, trabalhar, ver e comprar, deixamos
que engessassem nosso pensamento a tal
ponto que, se o Senhor nos presenteasse com novo sopro da vida, certamente não
conseguiríamos encontrar as nossas partes nesse gigantesco vale de ossos secos
em que fora transformada a Terra. Assim, nem para aproveitar outra oportunidade
de vida melhor estamos prontos.
Os amigos já pararam
para pensar que as PESSOAS estão em falta? Exaurimos o planeta e, em breves
lampejos, constatamos que os recursos naturais são finitos, bem como já os
extraímos, produzimos, consumimos e, no momento, não sabemos mais como nos livrar do lixo absurdo que inventamos.
Noutro dia esperando
ser chamada para um exame, o médico ordenou que tomasse, pelo menos, 2 litros d'água. Disse-me:
- O filtro está ali! Ora, como o cego sabe onde é ALI? Deixando esse mau hábito
no trato com a pessoa com deficiência para outra discussão, comecei a ingerir o
líquido vital e, obviamente, ficar segurando o mesmo copo descartável para o
próximo consumo. Semelhantes que estavam em similar situação trocavam seus
copos a cada ingestão, a ponto de poder ouvir o material escorregar pelo chão
ante a lotação do lixo. Absurdo! A desculpa? Estou pagando ...
Pois é, pagando para
destruir o planeta! Vejamos os lixos gerados pelas caixas do tipo "longa
vida, depois que consumimos o suco, por ilustração. São compostas de três
camadas; papelão, alumínio e plástico e sabemos que não são recicláveis. Logo,
despejadas nos buracos/aterros levam anos a fio para serem absorvidas pelo
planeta.
A nossa felicidade é
medida pelo nosso consumo e, pasmem, pelo volume do lixo que produzimos!
Paradoxalmente quanto mais compramos e nos desfazemos das coisas mais infelizes
ficamos e mais compramos na ânsia de elevarmos o nosso espírito. Mas, e agora
que as nossas manifestações ficaram bichadas pela infiltração dos vândalos? Como
reclamar diante desse quadro patético? Voltaremos a adormecer? Não!
Estava a sonhar com o
passado recente. Será que existe algum empório/armazém onde eu pudesse pedir ao
Sr. Silva que me vendesse sabão em pó a granel? E quão romântico seria se,
depois de pesado, o velho senhor sacudisse o saco pardo de papel para acomodar o
pó, virasse a boca torcendo, com maestria, as duas extremidades de modo a selar
com amor ao planeta a embalagem ...
Viram como temos que
mudar os nossos maus hábitos para a manutenção da espécie humana? Então,
acessibilidade ATITUDINAL é coisa de pessoa com deficiência? Perceberam como é
ela a chave do sucesso?
Albert Einsten pensou
faz um pedaço: "O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa
daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o
mal acontecer.".
Tenho medo de voltar
a olhar pela fresta da porta ...
Carinhosamente.
DEBORAH PRATES
Nenhum comentário:
Postar um comentário