sábado, 20 de julho de 2013

Cérebros Ensacados


 CÉREBROS ENSACADOS!
 
 

     
 

 
 
Descrição da imagem para DV’s: Do lado esquerdo está o contorno em preto no fundo branco de um saco plástico. Do lado direito está um saco de papel pardo vazio. Entre os dois estão as letras “V” e “S”, que significa versus, representando a busca pelo homem sustentável = acessibilidade atitudinal.
 

 
 

        No supermercado, fazendo as compras do mês, certifiquei-me que muitos dos produtos que consumo estão de cara nova; melhor dizendo, embalagens substituídas.

 

        O sabão em pó que vinha em caixa de papelão, agora está acondicionado em sacos plásticos. Um inferno para manuseio! O pior é que instalei na parede uma prateleira quase com as dimensões da caixa padrão do sabão, a qual não agasalha confortavelmente o saco disforme. E as mães dos empresários selvagens sofrem!

 

        Daí passei a notar que outras embalagens seguiram idêntica sorte. Tem sachês para todo gosto! Molhos de tomate, amaciantes para roupas, maioneses, requeijões, patês ... Inacreditável como os eleitos nos anestesiam com tantas atitudes suicidas! Na teoria os governantes estão aí para cuidar dos interesses das pessoas e para as pessoas. E por que permitimos que permaneçam zelando - tão-só - dos seus interesses privados? Você já percebeu esse detalhe?

 

        Faz pouco que assistimos a guerra sacos plásticos X sacolas recicláveis. As Casas legislativas pararam para discutir de quem seria a competência para proibir as sacolas plásticas; humanos brigavam uns com os outros defendendo menos conforto e mais proteção ao planeta; escolas exercitavam seus alunos para, no sentido inverso, convencerem os pais a abandonarem sacos plásticos; cartazes foram levantados com dizeres ABAIXO SACOS PLÁSTICOS, e muito mais. Engraçado foi como eu embarquei nessa história da Carochinha. Daí foi que, ao me deparar com os sacos do meu sabão em pó, foi que lembrei da velha máxima: DE BOAS INTENÇÕES O INFERNO ESTÁ CHEIO!

 

        Ué, mas onde estão aquelas lideranças que defendiam o FIM das sacolas plásticas? Onde se encontram os salvadores do planeta? Verdadeiramente somos TECNUMANOS, consumidores frenéticos idolatrando a cultura da superficialidade.

 

        Nessa vidinha sem propósito, onde existem apenas três verbos, trabalhar, ver e comprar, deixamos que engessassem nosso  pensamento a tal ponto que, se o Senhor nos presenteasse com novo sopro da vida, certamente não conseguiríamos encontrar as nossas partes nesse gigantesco vale de ossos secos em que fora transformada a Terra. Assim, nem para aproveitar outra oportunidade de vida melhor estamos prontos.

 

        Os amigos já pararam para pensar que as PESSOAS estão em falta? Exaurimos o planeta e, em breves lampejos, constatamos que os recursos naturais são finitos, bem como já os extraímos, produzimos, consumimos e, no momento, não sabemos mais como  nos livrar do lixo absurdo que inventamos.

 

        Noutro dia esperando ser chamada para um exame, o médico ordenou que tomasse, pelo menos, 2 litros d'água. Disse-me: - O filtro está ali! Ora, como o cego sabe onde é ALI? Deixando esse mau hábito no trato com a pessoa com deficiência para outra discussão, comecei a ingerir o líquido vital e, obviamente, ficar segurando o mesmo copo descartável para o próximo consumo. Semelhantes que estavam em similar situação trocavam seus copos a cada ingestão, a ponto de poder ouvir o material escorregar pelo chão ante a lotação do lixo. Absurdo! A desculpa? Estou pagando ...

 

        Pois é, pagando para destruir o planeta! Vejamos os lixos gerados pelas caixas do tipo "longa vida, depois que consumimos o suco, por ilustração. São compostas de três camadas; papelão, alumínio e plástico e sabemos que não são recicláveis. Logo, despejadas nos buracos/aterros levam anos a fio para serem absorvidas pelo planeta.

 

        A nossa felicidade é medida pelo nosso consumo e, pasmem, pelo volume do lixo que produzimos! Paradoxalmente quanto mais compramos e nos desfazemos das coisas mais infelizes ficamos e mais compramos na ânsia de elevarmos o nosso espírito. Mas, e agora que as nossas manifestações ficaram bichadas pela infiltração dos vândalos? Como reclamar diante desse quadro patético? Voltaremos a adormecer? Não!

 

        Estava a sonhar com o passado recente. Será que existe algum empório/armazém onde eu pudesse pedir ao Sr. Silva que me vendesse sabão em pó a granel? E quão romântico seria se, depois de pesado, o velho senhor sacudisse o saco pardo de papel para acomodar o pó, virasse a boca torcendo, com maestria, as duas extremidades de modo a selar com amor ao planeta a embalagem ...

 

        Viram como temos que mudar os nossos maus hábitos para a manutenção da espécie humana? Então, acessibilidade ATITUDINAL é coisa de pessoa com deficiência? Perceberam como é ela a chave do sucesso?

 

        Albert Einsten pensou faz um pedaço: "O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer.".

 

        Tenho medo de voltar a olhar pela fresta da porta ...

 

Carinhosamente.

 

DEBORAH PRATES

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