sábado, 6 de julho de 2013

"COMANDOS" - Qual a chave do sucesso?


"COMANDOS"

QUAL A CHAVE DO SUCESSO?

 

 
 
Descrição da foto: Deborah Prates aparece no evento "Comandos". Na foto há mais 8 pessoas, todas de pé sorrindo para a câmera. O fundo é composto por chão e meia parede de madeira corrida, ambientação de um palco.
 

                              A fé remove montanhas! A Família é, sem dúvida, o alicerce da humanidade; vamos fortalecê-la?

 

                              Envolvam-se comigo nessa eletrizante aventura responsável. Essa história é minha e sua também!

 

                              Nessa 6ª - 5/7/2013 - tive a honra de participar do evento "COMANDOS", ocorrido no Teatro do Solar Meninos de Luz, na Comunidade do Cantagalo-Pavão, com moradores, convidados envolvidos ou engajados com a temática, policiais da UPP local, universitários, empreendedores sociais e representantes do direito. Formamos um grupo bem bacana com os integrantes da nossa CDH/OAB/RJ, na esperança de agregar forças por uma RJ com maior bem-estar para todos. Quanta energia e adrenalina! Percebia os cérebros férteis para um reflorestamento.

 

                              O que é COMANDOS?

 

                              O Projeto Comandos é um círculo de debates que reúne ex-integrantes das quatro facções do narcotráfico do Rio de Janeiro (Comando Vermelho, Terceiro Comando, ADA e das Milícias) e hoje atuantes nos projetos sociais do Grupo Cultural AfroReggae, com o quinto grupo armado da cidade, a Polícia. Um diálogo possível somente com um trabalho social sólido e o desejo de transformação.

 

                              Frente a frente, sentaram-se a mesa de debates os personagens que protagonizaram os alvoroços do tráfico, para contarem as histórias de criação desses comandos, a dinâmica adotada por cada grupo, suas experiências e as principais diferenças entre eles.

 

                              Visões de mundos opostos se uniram pela crença na educação e transformação social, a partir das experiências refletidas em histórias de vida que contribuem para a formação de uma consciência crítica, e que auxiliam em decisões responsáveis, a partir da criação de possibilidades de discernimento e de perspectiva de futuro.

 

                              Ao lado esquerdo da mesa estavam policiais e então milicianos, ao centro encontrava-se o fundador do AfroReggae, quem seja José Jr., e do lado direito os ex integrantes dos 4 comandos já citados. Na frente da mesa estávamos nós. Muitas narrativas tristes que nos deram um conjunto de conhecimentos relativos à evolução e ao passado recente do nosso Brasil.

 

 

                              Relatos do tipo: Dos 8 filhos só eu dei para bandido ... se tivesse ouvido minha mãe não teria passado por tudo isso; nasci na favela ... meu ideal de vida era ser igual aos traficantes ... eles tinham lindas mulheres, grana, uma geladeira repleta de iogurtes ...; eu era classe média e cursava a faculdade de direito e, por influência de amigos, terminei no tráfico ... minha família sofreu ...; eu fiquei anos na Marinha, depois decidi fazer concurso e entrei para a Polícia ... me envolvi em crimes e terminei preso ... sofri muito ... perdi a Família, amigos ...; na prisão apanhei demais ... quando entrei na sela vi, sem brincadeira, uns dez pendurados pelo pescoço mortos ... achei que seria o próximo ...; cadeia não recupera ninguém ... ao sair não conseguia oportunidade nenhuma de emprego ...

 

                              Nossa, trajetórias horrorosas e a coletividade no meio dessa troca de balas. Policiais contaram como se tornaram milicianos e, do lado direito saiu a indagação: Quem é pior, o bandido ou o policial que de dia age como malfeitor e a noite volta a ser polícia! Nós não éramos nada, mas os policiais puderam escolher! Na plateia pensava: Como meus olhos CEGOS corro do bandido ou da polícia!?

 

                              Moradores da Comunidade perguntavam: Que polícia é essa que nem um bom-dia, boa-noite nos fala? Que policiais são esses que, ao reclamarmos de algo, nos ameaça de prisão? ...

 

                              Por seu turno, policial ousou recuperar parte da nossa história sustentando que a polícia surgiu com a vinda da Família real para o Brasil, com o espírito de protegê-la, bem como as suas jóias. Que, por esses pouco mais de 200 anos, a nossa cultura ainda não absorveu que o foco a ser protegido é a sociedade! Mas, por quanto tempo mais nos permitiremos permanecer anestesiados? Quanto egoísmo.

 

 

                              O conjunto de almas perguntava desesperadamente: Quem é o culpado por todo esse caos social? A resposta foi unânime: O ESTADO. Por que, por amor ao debate, não se fizeram presentes o secretário de segurança/RJ, ou os Srs. Prefeito e/ou Governador?

 

                              O exemplo, em tese, tem que vir do topo da pirâmide. No entretanto, será que os gestores do topo têm essa consciência; ou será que são cruéis mesmo? Julgo seja a primeira hipótese.

 

                              Repito que se o comandante não sabe que erra, como corrigir a rota do navio? Os atuais gestores, verdadeiramente, são as crianças DESEDUCADAS do passado próximo. Como muitos de nós transformaram-se em TECNUMANOS/ANDROIDES. E, nessa figura mentirosa de humano, vêm nos engessando/enlatando dia-a-dia com o nosso consentimento. Faz mais de 200 anos que o capitalismo selvagem nos assola. Vivemos para consumir freneticamente. É uma vida sem sentido. Comprar, comprar, comprar ... Para quê, para quem? A cultura da superficialidade retirou a autonomia do pensamento ...

 

                              O mingau desandou ... sinceramente, não pensei em viver os movimentos nas ruas! Maravilha! Nossos neurônios estariam recebendo novo sopro da vida? Nova oportunidade de recomeçar e, dessa vez, fazer CERTO?

 

                              Claro, não sejamos incrédulos e injustos. Estamos numa situação bem melhor que há 20 anos, ocasião em que imperava a narcoditadura. Seria um genocídio um evento como o Comandos! Vamos avançando.

 

                              A palavra da hora é OPORTUNIDADE. Porém, para viabilizar esse ideal é imprescindível termos as, tão sonhadas, ACESSIBILIDADES. Sem acessibilidade não temos oportunidade e, consequentemente, esvazia-se a chance do constitucional DIREITO DE IGUALDADE. Precisamos ou não mudar os nossos MAUS HÁBITOS? Mudanças de hábitos são lentas, pelo que estávamos atrasados na partida. Mas, antes tarde que nunca, né?

 

                              Quanto orgulho/emoção senti ao abraçar a Sra. Iolanda, que há 30 anos teve a audácia de acreditar no ser humano e, nesse sonho, fundar a Organização Solar Meninos de Luz, que recebe as crianças da comunidade a partir dos 3 meses de idade. Que ser majestoso é o irmão José Jr., que há 20 ousou enfrentar a sociedade fundando o grupo AfroReggae. Esses dois cérebros oxigenados, sob o mesmo foco, acreditaram no poder transformador de boas ações sociais e investiram nas OPORTUNIDADES.

 

                              Sem medo da felicidade, arregaçaram às mangas e - também - nos deram a OPORTUNIDADE de participar do projeto COMANDOS. Nessa REDE DA SOLIDARIEDADE é que estou compartilhando com os amigos essa chance de construção de futuro melhor, partindo do conhecimento do passado lamentável.

 

                              Talvez a Sra. Iolanda e o humano José Jr. não tenham se dado conta de que exercitaram, com maestria, a principal das acessibilidades, a ATITUDINAL!

 

 

                              Será que os amigos leitores captaram o que vem a ser a ACESSIBILIDADE ATITUDINAL? Compartilhem com seus contatos as ações da Sra. Iolanda e do irmão José Jr.!

 

Carinhosamente.

 

DEBORAH PRATES.

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