domingo, 23 de março de 2014

A bicicloteca



A BICICLOTECA


crédito da foto: Jorge Queiroz




Descrição da foto para DV's: Deborah Prates, do busto para cima, com uma blusa azul com paetês na manga, olhando para um ponto atrás da câmera, sorrindo e levantando sua bengala - berenice. Em toda a foto, pingos de chuva causam um efeito iluminador. No fundo, outros membros da escola de samba Embaixadores da Alegria.




                    Amigos,vejam como mudar os nossos hábitos é questão de solidariedade e não de dinheiro, formação universitária... É preciso se colocar na pele do outro ou, até mesmo, já ter vivido algumas situações difíceis ao longo da vida para que esse magestoso sentimento seja aflorado.


                    Trago o exemplo de Robson Mendonça, morador de rua em SP, que sempre gostou de ler. Contudo, após a desventura de ter perdido a mulher e dois filhos num acidente, decidiu morar na rua. Todavia, por não possuir endereço não podia pegar/emprestar livros nas tradicionais bibliotecas. Então, pensou que quando decidisse por uma nova vida, encontraria jeito de propiciar aos que se interessassem meio de leitura sem burocracia alguma.


                    Desde 2011 que Robson anda com sua BICICLOTECA - uma bicicleta equipada com um baú atrás com dezenas de livros -  pelas ruas de São Paulo, fugindo a todas as regras/correntes que imobilizavam os cérebros ressequidos. No acervo de sua bicicloteca estão Capote, Lima Barreto e outros grandes escritores disponíveis aos que tiverem fome de cultura. Lindo, hein?!


                    Num caderno convencional Robson registra os nomes de quem retirou livros, bem como de seus autores e a ordem é que sejam devolvidos ou repassados para outros leitores. A ideia foi materializada com a ajuda de humanos que a abraçaram; doações, muitas doações...


                    Eis, na prática, um exercício de ACESSIBILIDADE ATITUDINAL que serve de divisor de águas para os semelhantes que não realizam qualquer atividade planejada, praticada regularmente, com o fim de desenvolver ou melhorar o desempenho mental. Trocando em miúdo, para aqueles que não malham os neurônios... a alma!

                    A cultura da superficialidade transformou-nos em verdadeiros androides. Estamos automatizados... as escolas não ensinam a pensar... somos Publicações seriadas... tecnumanos!


                    A grande dificuldade é que solidariedade, por ser um sentimento, não está disponível em nenhum curso universitário/escola. É bem intrínseco que habita os porões dos nossos corações. O exemplo clássico é aquele em que o comandante ordena à tropa: - Soldados, marchem! E a ordem é prontamente obedecida. No contraponto, o mesmo comandante não pode ordenar: - Soldados, AMEM!


                    A solidariedade tem que ser suada/transpirada para que contagie o próximo; tem que ser sentida ainda que a distância; bem sem preço, nem etiqueta de grife. O morador de rua Robson Mendonça, com maestria, conseguiu transbordar sentimento e recebeu solidariedade. Inspirador, né?


                    No viver diário as pessoas com deficiência encontram sobre rampas hidrantes, caixas sobrepostas, motocicletas... os cegos, no percurso de um piso tátil, se deparam com escadas que levam a lugar algum, bancas de jornal, orelhões, buracos/crateras... dos banheiros para deficientes habitualmente saem lépidas e faceiras pessoas sem deficiência... estacionam nas vagas para deficientes madames e autoridades sem deficiência para ficarem com maior conforto por ocasião do embarque de suas sacolas repletas de futilidades adquiridas nos shoppings da vida, na esperança de terem comprado a felicidade... sem falar dos corrimãos que começam lá pelo 3º degrau de uma escadaria!


                    Os amigos perceberam como a ACESSIBILIDADE ATITUDINAL é a grande chave para transformar os maus hábitos arraigados nas mentes desde sempre?! Xô preconceio; xô discriminação!


                    Mudem seus maus hábitos! Quero meu cérebro verde!


Atitude, atitude, atitude! (http://www.youtube.com/watch?v=l4XgCjuTFFY)



Carinhosamente.

DEBORAH PRATES

2 comentários:

  1. Cara Deborah.

    Eu tive um Projeto de Livraria Móvel no Humaitá/COBAL, RJ, por volta do ano 2003. Vendia livros usados por R$3,00 a no máximo R$10,00. Muitas vezes cedia livros para quem me dissesse precisar muito, mas que não podia comprar. O Projeto foi motivo de reportagem de uma turma de graduação em Comunicação na PUC/RJ. Ganhava muitos livros da comunidade e se os vendesse por R$2,00 ou R$3,00 dava para manter o Projeto. Mas nem tudo são flores. Sem qualquer patrocínio o Projeto não pode ser levado adiante.
    Gostaria de retomar o Projeto, mas os obstáculos são enormes.
    Abraço,
    F. Claro

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Amigo Fernando, gostei muito de saber desse seu projeto. Compreendo bem quando você diz dos obstáculos na continuação da ideia. Também passo por essas pedras com os meus. Mas, por favor, não sucumba. Continue praticando a acessibilidade atitudinal, pois só dessa forma conseguiremos modificar hábitos... Muito obrigada pela interação. Carinhosamente Deborah Prates

      Excluir