segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Reflexões de recuperação 2


Aproveito o tempo de recuperação para conversar comigo acerca de alguns pontos que estão ocupando todos os espaços no momento. Dessa vez, foquei na tolerância e na intolerância. Dois lados de uma mesma moeda.


Descrição da imagem para pessoas com deficiência visual: foto de um Condor voando com as asas abertas em um céu azul sem nuvens. A ave é preta, com um faixa branca no pescoço parecendo um colar, e segundo a mitologia inca é considerado imortal. Ao fundo vê-se montanhas.


A etimologia dá conta que os verbetes têm como ponto de partida o latim. Intolerantia = impaciência, incapacidade de aguentar. De in = negativo + tolerans, aquele que aguenta, de tolerare, aguentar.

As redes sociais, por ilustração, estão repletas de textos comentando - a favor ou contra -  as violências decorrentes de gênero, de deficiência, de raça, de classe social, de orientação sexual, etc. Outros preferem focar na saga dos refugiados, no terrorismo, nos países que preferiram se isolar do resto do mundo por entenderem que não precisam dos outros, etc. Quantos panos pras mangas, quantas discussões.

Quem de nós não ouviu histórias de amizades rompidas e de encontros rejeitados por divergências políticas ou religiosas? Qual o brasileiro que nunca discutiu sobre a questão da legalização do Uber para que pudesse concorrer com o táxi? Quantos condôminos romperam relações de vizinhança por divergências em assembleias? Quantas mortes a mídia já noticiou por conta de torcidas rivais de times de futebol? Quantas brigas em filas de bancos, supermercados e de empregos, originadas pelos tópicos aqui enfocados, deram suporte a inúmeras ocorrências policiais?

Todas essas situações estão presentes na vida cotidiana. E de que maneira conseguimos equacioná-las? Na maioria das conjunturas não temos serenidade suficiente para interagir com aqueles que não comungam da nossa opinião, não é mesmo? Errados são sempre os outros. Somos mesmo intolerantes!

Mahatma Gandhi deixou-nos um legado maravilhoso sobre esses nossos maus comportamentos diante de pontos de vista opostos.

"A lei de ouro do comportamento é a tolerância mútua, já que nunca pensaremos todos da mesma maneira, já que nunca veremos senão uma parte da verdade e sob ângulos diversos."

Creio que tolerar seja bastante diferente de concordar. Temos, claro, a liberdade de formar um julgamento negativo da coisa tolerada. Temos o direito de entender o tolerado como algo de mau, perigoso, errado ou incorreto. Contudo, não podemos agir contrariamente ou violentamente contra a coisa tolerada. Não podemos desautorizar a sua exteriorização publicamente, caso seja uma reflexão. Tampouco, podemos coibir a sua realização, caso seja uma ação.

Quem tolera não tenta circunscrever, delimitar a LIBERDADE de seu expositor de falar ou agir como quiser. Ao contrário, em respeito a ideia alheia, procura suportar tal opinião incompatível com a sua.

A nossa realidade humana está repleta de contradições e diferenças. É isso que realça a beleza nas relações. Somos mesmo, reciprocamente, tolerantes e intolerantes! Logo, prudente se torna o controle do bom senso e do respeito devido a uma vida em sociedade. Não podemos odiar os nossos semelhantes a partir das diferenças que apontamos neles. Temos que fomentar as relações de justiça e igualdade e NÃO dar razão à nossa desumanidade.

A República Federativa do Brasil constitui-se em um Estado Democrático de Direito, pelo que a lei é o LIMITE que nos possibilita distinguir o que pode e deve ser tolerado, do que é, pela moral estabelecida pela sociedade, tido como intolerável.

De forma alguma temos o direito de eliminar, exterminar as diferenças. Elas hão que coexistir! É nossa obrigação abrir caminhos para um mundo melhor, mais solidário.

Para o momento, são estas as reflexões que quero dividir com os meus semelhantes. A LIBERDADE de pensamento, quero crer, é o que ainda nos resta.


"Liberdade! Liberdade! Abre as asas sobre nós E que a voz da igualdade Seja sempre a nossa voz...". (samba de Dudu Nobre)

Deborah Prates.

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