sábado, 15 de junho de 2013

DAS REVOLTAS DO VINTÉM


 DAS REVOLTAS DO VINTÉM


À DOS VINTE CENTAVOS
 



Descrição da imagem para DV: Fotografia em tom sépia de ônibus puxado por burro, como era na época da revolta do vintém. Vagão em forma de um retângulo aberto, com hastes para segurar e alguns bancos com pessoas sentadas. O condutor fica de pé, na frente, segurando as rédeas do burro, que se encontra à esquerda da imagem.

 


                        O filme A REVOLTA DOS VINTE CENTAVOS, já passou em 1879, na RJ. A multidão reuniu-se no campo de São Cristóvão, em frente ao palácio imperial. A história conta que quase cinco mil pessoas protestaram contra um aumento de 20 réis, um vintém, sobre o transporte urbano, representado na época por bondes puxados por burros. O vintém era moeda de cobre, a de menor valor da época. À sombra de liderança, os manifestantes pretenderam entregar uma petição a D. Pedro II, objetivando a revogação da taxa/aumento. A polícia, guardando-se as proporções, teve comportamento semelhante aqueles mostrados pela mídia nesse junho/2013.

 

                        O motim do século XIX teve efeito positivo, já que, dias depois, o aumento fora revogado; mas e agora, teremos a mesma sorte? Em 1879, o imperador punha os burros para puxar os bondes. Atualizando para 2013, pretendem os republicanos conduzir os "burros" dentro dos transportes urbanos.

 

                        Novelistas e jornalistas vêm dando suas peruadas de muitíssimo mau gosto. Chegou-se a dizer que o povo compra televisores de 500 polegadas e não reclama; porém, chora para pagar um irrisório aumento de vinte centavos! Ridículo, né? Claro que o viés não é esse!

 

                        O que está em questão são as instituições, os mandos e desmandos dos gestores/administradores, valendo dizer o jogo do poder.

 

                        O Artigo 7º, IV, da Carta Cidadã diz que são direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, um salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família, estando dentre esses o transporte - obviamente - de qualidade. Manda a Lei Maior que esse salário há que ter reajustes periódicos que lhes garantam tais despesas. Algum brasileiro tem dúvida quanto ao irrisório poder de compra do atual salário?

 

                        É incontroverso que os meios de transportes a disposição da população, de longe, são destinados ao transporte de seres humanos. O ônibus e trens vêm sendo avaliados como sendo os piores. O Metrô, dentre todos, está sendo apontado como o melhor. Os trens na RJ são cruéis demais. Existem estações nas quais os vagões desembarcam os humanos a uma altura de 50 centímetros da plataforma. Deficientes físicos, idosos e pessoas com limitações temporárias têm que ser carregados pelos outros usuários. Humilhante e desumano!

 

                        Os palpiteiros que apoiam os cruentos gestores e incentivam os selvagens empresários não usam esses transportes. Comumente transitam de automóveis próprios, táxis e, no máximo, de metrô.

 

                        Solidariedade é afeto. Este não se pode ensinar nos bancos escolares. Sentimento é bem existente nos porões dos nossos corações, pelo que temos que suar/transpirar para contaminar o semelhante. A cultura da superficialidade impera nos últimos 200 anos de capitalismo. Os cérebros estão ocos. Solo árido e rachado nada produz. Excelente estado para manobras!

 

                        Essa "miséria" de vinte centavos que os advogados dos gestores vêm defendendo, por ilustração, na cidade de SP significa, num ano, cerca de um bilhão de reais a mais nos caixas dos empresários gananciosos. No contraponto, os mesmos gestores não se preocuparam de exigir, antes da canetada, que as frotas fossem adequadas para as pessoas dos mais diversos seguimentos; valendo dizer nos moldes do desenho universal. Plataformas elevatórias para as pessoas com limitações físicas; sistema sonoro - em português e inglês - informando os pontos/estações para deficientes visuais, idosos, analfabetos, aos que possuem dificuldades cognitivas; crianças; turistas; painel com linguagem para surdos; bem como todo tipo de mobiliário/equipamentos que propiciassem a segurança e conforto dos munícipes seria o mínimo que os eleitos pelo povo teriam que exigir dos concessionários.

 

                        Assistimos - atônitos - um bate bola danado na Copa das Confederações. De um lado do campo está o time dos políticos/gestores passando a bola uns para os outros. Na outra metade estão os empresários esperando aflitamente o dinheiro, melhor dizendo, a bola que não lhes chega aos pés. Nas arquibancadas está o povo gritando OLA! Todos os atores dentro do clima desportivo de hoje e do futuro próximo.

 

                        Corrosiva é a expectativa de que no próximo outubro eleitoral haja apenas a passagem do bastão entre os mesmos corredores da maratona. Urge exercitarmos a ACESSIBILIDADE ATITUDINAL para mudar os nossos maus hábitos. No momento o plano é dar empréstimos para a aquisição de novos aparelhos de televisão, não como bacorejam as más línguas, mas nos termos da lei que impõe o tamanho da tela que o povo deverá gritar OLA! OLA! OLA!

 

                        Quem é o cego nessa história?

 

Carinhosamente.

 

DEBORAH PRATES

4 comentários:

  1. Deborah Prates, vergonhosamente esta situação na qual vivemos, diante de tantos descréditos, diante de tanta corrupção, diante de tanta falta de carácter dos Governantes, diante desse abuso de poder, diante de tanta mediocridade, só nos resta acreditar que um dia teremos vida humana, pois sub-humana já vivemos, para que possamos ainda desfrutar um dia do direito de ir e vir, hoje o que podemos observar é de que o povo já está acordando e correndo atras de uma melhor condição de sobrevivência, assino em baixo tudo que fora descrito por você, faço de sua brilhante luta por um pais com mais tolerância e credibilidade, faço de suas palavras as minhas sem tirar e nem por uma vírgula, parabéns!
    Um forte abraço.
    Atenciosamente.
    Joaquim Luiz
    O Tortinho do Rio de Janeiro.

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    1. Energias maravilhosas, querido amigo Joaquim! É isso aí, comungo com as suas palavras. Porém, há luz no final do túnel. Prova disso são as crescentes manifestações populares em busca do restabelecimentos das instituições. Carinhosamente Deborah Prates.

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  2. Deborah, muito inteligente a analogia histórica feita. Realmente, os comentários midiáticos de manipulação são pitorescos, tanto quanto a atuação teleguiada da polícia que representa o braço opressor do Estado que de Democrático só tem o nome fantasia. Não se trata apenas de 20 centavos, mas do terceiro aumento consecutivo da passagem em um curto espaço de tempo, além das más condições de transporte de parcela da população que não pode sequer se manifestarem, porque se não não teriam como voltar para casa, pois o fardo que carregam é pesado demais. Além disto, tratam-se de vinte cinco centavos na verdade, porque este R$2,95 muitas vezes tem funcionado como R$2,99, porque valem como R$3,00 na realidade, pois cinco centavos de troco nem sempre é esperado, ainda mais quando o motorista acumula a função de trocador.

    Enfim... um absurdo!

    Maria Clara

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    1. Querida amiga Maria Clara, fiquei muito feliz com essa sua inteiração. Muito bacana as suas ponderações, com as quais concordo inteiramente. Porém, agora, o povo acordou e está nas ruas de todo o Brasil exigindo o que nos é de direito e justiça. Carinhosamente Deborah Prates.

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